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Jadson Lima - AGÊNCIA CENARIUM

MANAUS (AM) - A Superintendência da Polícia Federal no Amazonas (PF/AM) negou ter recebido denúncia do deputado federal e candidato à Prefeitura de Manaus Amom Mandel (Cidadania/AM) contra a cúpula da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) em dezembro de 2023. A CENARIUM teve acesso ao Ofício 611/2024, no qual aponta que "não houve protocolo de nenhuma notícia de fato supostamente criminoso no Setor de Inteligência Policial desta Superintendência [do Amazonas] a partir de suposta denúncia feita pelo deputado federal Amom Mandel". Veja o documento:

Ofício da PF encaminhado à corregedoria da SSP-AM em abril deste ano (Reprodução)

Em janeiro deste ano, Amom afirmou que estava sendo coagido "há mais de quinze dias" pela cúpula da SSP-AM, após a entrega de um dossiê à PF em que servidores que ocupam cargos de chefia na pasta teriam envolvimento com o crime organizado e com o tráfico de drogas. A captura de tela de um documento que consta no vídeo de Amom, publicado em 6 de janeiro deste ano em seu perfil no Facebook, mostra que ele teria recebido o suposto dossiê em 13 de dezembro de 2023.

Amom Mandel disse que entregou o relatório à PF; instituição nega (Reprodução/Redes Sociais)

O documento da PF foi enviado a pedido do corregedor regional da instituição, o delegado Victor de Alencar Araújo Motta, ao corregedor geral do Sistema de Segurança Pública do Amazonas, coronel Franciney Machado Bó. O ofício confirma que não há procedimento investigatório aberto a partir de "suposta denúncia feita pelo Deputado Federal Amon Mandel, envolvendo membros da cúpula da Secretaria de Segurança Pública".

O vídeo do parlamentar foi publicado em 6 de janeiro deste ano, dois dias após Amom ter sido abordado em uma blitz da Polícia Militar do Amazonas (PMAM) durante o cumprimento da 'Operação Impacto' em Manaus. A ação policial contínua foi deflagrada na capital amazonense na noite da primeira quinta-feira de 2024, em 04 de janeiro, para combater o crime em regiões mapeadas pela SSP-AM como área vermelha, a partir de dados do Centro Integrado de Estatística de Segurança Pública (Ciesp).

Na época, o secretário da SSP-AM, coronel Marcus Vinícius Almeida, afirmou que Amom foi abordado porque o veículo em que o parlamentar estava trafegava com as luzes desligadas e trocando de faixa constantemente na avenida Autaz Mirim, na Zona Leste da capital amazonense. O coronel Vinicius disse ainda que a abordagem não tinha qualquer relação com a suposta denúncia à PF, que negou ter recebido o dossiê cerca de quatro meses depois.

Durante a abordagem, Amom se exaltou com os militares e chegou a dar voz de prisão à equipe empregada na ocorrência. Na noite daquela quinta-feira, 4, Mandel ligou ao secretário da SSP-AM, que participava do lançamento da operação em um outro ponto da Zona Leste de Manaus e recebia a imprensa para dar detalhes sobre as ações.

Titular da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Amazonas (SSP-AM), Marcus Vinícius (Adrisa De Góes/Revista Cenarium Amazônia)

“Eu recebi uma ligação do deputado federal Amom, por volta de 22h, informando que tinha acabado de prender em flagrante uma guarnição da Rocam e me pedindo apoio para que eu visse o que poderia ser feito para que essa guarnição, efetivamente, fosse conduzida e flagranteada”, disse o secretário na época.

Marcus Vinicius ainda avaliou como inusitado o fato de um deputado dar voz de prisão a uma guarnição policial. O secretário rebateu o argumento de Amom de que a abordagem foi orquestrada previamente e afirmou que o local da realização da 'Operação Impacto' foi deflagrada na mesma noite que o deputado transitava pela Zona Leste da cidade.

“Numa forma de criar uma cortina de fumaça, a gente está vendo diversas ações e narrativas surgirem a respeito do fato. Inclusive, uma delas, é que teria sido feita uma abordagem em virtude de uma denúncia realizada (…) O local onde foi realizada a operação, na Zona Leste, foi uma pauta enviada a toda a imprensa, todos sabiam onde ia iniciar a operação”, declarou o titular da SSP-AM na época.

A CENARIUM entrou em contato com o deputado federal Amom Mandel para comentar o ofício da PF enviado à SSP-AM e aguarda retorno.