Lula silencia sobre casos de violência contra indígenas por grupo armado em MS
Em um dos ataques de fazendeiros, houve feridos com tiros na cabeça e no pescoço. Eles foram socorridos pelo Serviço Móvel de Urgência (Samu) e levados a uma unidade hospitalar da região.
12/08/2024 11h49
Davi Vittorazzi — AGÊNCIA CENARIUM
CUIABÁ (MT) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não se manifestou publicamente, até o momento, sobre os casos de violência registrados contra os indígenas da etnia Guarani Kaiowá, que vivem em Mato Grosso do Sul (MS). Nesta quinta-feira, 8, lideranças indígenas fizeram uma manifestação em Brasília para chamar a atenção das autoridades federais para a escalada de violência no Território Indígena localizado no município de Douradina (MS), distante 195 quilômetros de Campo Grande.
No último final de semana, pelo menos dez indígenas Guarani Kaiowá ficaram feridos após dois ataques em um intervalo de um dia, durante conflitos com ruralistas na Terra Indígena Panambi-Lagoa Rica, em Douradina (MS). Em um dos ataques de fazendeiros, houve feridos com tiros na cabeça e no pescoço. Eles foram socorridos pelo Serviço Móvel de Urgência (Samu) e levados a uma unidade hospitalar da região.
Em 14 de julho, o indígena Márcio Moreira Guarani Kaiowá, de 35 anos, foi morto a tiros na cidade de Amanbaí (MS), em uma emboscada disfarçada de oferta de emprego. Márcio estava acompanhado de outros quatro indígenas Kaiowá. A denúncia foi feita pela Grande Assembleia Guarani e Kaiowá (AtyGuasu). Os suspeitos não foram identificados.
A escalada da violência fez a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) entrar com uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) no Supremo Tribunal Federal (STF), para investigar a Polícia Militar (PM), em ações nos conflitos fundiários entre os povos originários e fazendeiros da região. Até o momento, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) estima que mais de uma dezena de indígenas foram feridos nos conflitos.
Em nenhuma das situações o presidente Lula fez declarações em público ou nas redes sociais sobre a violência sofrida pelos indígenas. A reportagem entrou em contato com a Presidência da República e aguarda retorno.
Manifestação em Brasília
Para chamar a atenção frente a escalada de violências, cerca de 50 lideranças Guarani Kaiowá de Mato Grosso do Sul realizaram um ato nesta quinta-feira, 8, em frente ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). Os indígenas pedem medidas de proteção e segurança às comunidades da Terra Indígena e o fim definitivo dos ataques na região.
De acordo com o representante da Atyguasu Guarani Kaiowá do Mato Grosso do Sul no Conselho Nacional dos Povos Indígenas (CNPI), Gilmar Veron Alcântara, desde o início da semana, eles tentavam um encontro com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, mas não houve resposta. Após a manifestação fechar uma via da Esplanada dos Ministérios, lideranças foram recebidas por auxiliares do titular da pasta.
“Durante essa reunião quem nos atendeu foi a secretária Sheila de Carvalho e também o secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo. Relatamos para ele a situação que nós estamos vivenciando lá no Mato Grosso do Sul”, disse Alcântara.
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