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Okan Caliskan/Pixabay
Okan Caliskan/Pixabay

Enquanto o Brasil vive a pior fase da pandemia de Covid-19 desde a chegada do coronavírus ao país, lugares como Austrália e Nova Zelândia já retomaram atividades coletivas com aglomerações, como shows e festas. De acordo com Roberto Kraenkel, professor da Unesp e membro do Observatório Covid BR, o sucesso desses países tem a ver com uma junção de medidas; e mesmo com a vacinação em curso, o Brasil não deve atingir um patamar similar ainda neste ano.

"[Retomar shows] em 2021 está completamente excluído no caso brasileiro, porque a gente tem muitos casos diários. A gente está no pico agora em abril; quer dizer, não sabemos nem se estamos no pico, pode piorar ainda", afirma o cientista. 

Até agora, o Brasil vacinou pouco mais de 11% da população contra a Covid-19. Para o especialista, o número insuficiente de imunizantes ajuda a explicar o cenário da pandemia no país: "O Brasil não tem vacina o suficiente. O governo federal não comprou vacinas, não assegurou a prioridade de compra. [...] Então, quando você começa a falar 'mas e se vacinar 2 milhões de pessoas por dia?', não tem 2 milhões de vacinas por dia. Não existe, simplesmente não tem essa perspectiva e é no segundo semestre que a gente vai começar a ter perspectiva de produção aqui".


Mesmo com uma quantidade maior de vacinas e ritmo de imunização acelerado, é necessário considerar a transmissão do vírus, ressalta o especialista: "A CoronaVac tem 50% de eficácia contra enfermidades, mas não contra a transmissibilidade. Nenhuma das vacinas fez um estudo inicial só para saber a transmissibilidade; o objetivo obviamente era diminuir o número de mortos”. 

Com um projeto de vacinação em massa em andamento na cidade de Serrana (SP), o Instituto Butantan, produtor da CoronaVac, busca entender o impacto da vacinação na disseminação da doença. Os resultados do estudo ainda não foram divulgados.

Além da vacinação 

"A gente poderia ter uma situação melhor se a gente tivesse outras estratégias além da vacina", continua o cientista. Uma dessas estratégias é o rastreio de contactantes, isto é, a identificação de casos e possíveis infectados para um isolamento efetivo e capaz de conter a disseminação desenfreada do vírus. 

Para rastrear as infecções porém, é necessário reduzir drasticamente o número de casos no país, um desafio agravado pela circulação da variante P1, mais transmissível. "É o que permitiria você tentar uma reabertura virtuosa das coisas, você poderia ter mais atividades coletivas usando desse tipo de estratégia de rastreio de contactantes, mas isso está descartado por qualquer governante no Brasil. É a fórmula que dá certo em muitos países, mas antes disso você precisa ter um número pequeno de casos", explica. 

Para Kraenkel, medidas mais restritivas como o fechamento de atividades comerciais e lockdown são necessárias em um cenário grave, como é o caso do Brasil hoje. "No momento em que você tem um número alto de casos e ainda crescendo, você não tem outra saída a não ser fechar as coisas. [...] Você deveria tentar políticas para não chegar nisso, não ser obrigado a tomar uma atitude radical. Sei que não é fácil, tem contingências sociais, políticas e até de viabilidade", continua. "Lockdown seria evitável na medida em que houvesse outras políticas que se adiantassem ao vírus, mas não há, e não há propostas na mesa politicamente viáveis na mesa". 

De acordo com o especialista, o segredo é não esperar a situação chegar em um patamar dramático para agir: "Os lugares que mais dão certo são os que se antecipam, percebem uma subida nas infecções e já cortam". 

Além disso, com a grande circulação do vírus, aumentam também as chances do surgimento de variantes mais transmissíveis ou resistentes à imunização. Portanto, é cedo para dizer até mesmo se os shows e outros eventos previstos para 2022 ou outras datas futuras no Brasil serão seguros: "Não sei o que vai acontecer em 2022, porque podemos ter outras variantes e a gente não sabe se a imunidade dura. [...] Nós não temos ideia de quanto dura a imunidade, seja natural, porque você já teve [a doença], ou pela vacina. Não se sabe porque não deu tempo, temos pouco mais de um ano de Covid-19", completa o cientista.