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O primeiro amor, as primeiras descobertas, a relação com pais e colegas… Os temas são frequentes na vida de adolescentes do mundo todo e não poderiam faltar nas histórias que representam essa geração. Uma novidade vem ganhando espaço no mercado editorial: agora, escritores brasileiros também têm voz quando o assunto é literatura de ficção juvenil.

“Aqui no Brasil, quando a gente fala de literatura jovem, a gente importa muita coisa. Foi assim por muitos anos, o público jovem era muito pautado com o que vinha de fora”, conta o escritor Vitor Martins.

Popularmente conhecido como YA (‘Young Adult’; ‘jovem adulto’, em português), o gênero literário pode permear histórias de amor, suspense ou drama. Quem nunca ouviu falar do romance entre Augustus e Hazel, de ‘A Culpa é das Estrelas’ (John Green)? Ou na saga de Bella Swan para encontrar a felicidade ao lado de seu namorado vampiro, Edward Cullen, nos livros da série ‘Crepúsculo’ (Stephenie Meyer)? A imensa repercussão dessas e outras histórias deram tom à produção literária do estilo dentro e fora dos Estados Unidos, seu país de origem.

O cenário está mudando. Vitor é autor de duas obras: ‘Quinze Dias’ e ‘Um milhão de finais felizes’, ambos publicados pela Globo Alt. Os romances, que se passam no Brasil, fizeram sucesso entre os jovens. O primeiro, inclusive, ganhará versões em outros países e adaptação cinematográfica. “Tem nuances de história que só podem acontecer se elas acontecerem no Brasil, e elas só vão dar certo para livros que se passam aqui, escritos por pessoas que são daqui”, diz.

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“Poder fazer isso é animador. A gente já tem muitas histórias sobre o 'John' e a 'Ashley' que moram em Londres ou Nova York. A gente tem poucas histórias sobre o 'João', 'Renata', 'Camila', que moram no Rio de Janeiro ou no interior de Minas Gerais”, comenta o roteirista e escritor Juan Jullian, autor de ‘Querido Ex’ (Galera Record). O livro chegou a ficar por 100 dias seguidos no topo da lista dos mais vendidos da Amazon, na categoria LGBT.

Os autores contam que, apesar de estarem chegando agora ao mercado editorial, os livros de ficção juvenil brasileiros já apresentam certa relevância no meio independente. “O sucesso que essas histórias têm feito tem servido para abrir os olhos das editoras e entender que esses livros também funcionam em modelo de publicação tradicional”, diz Vitor. “Como leitores e escritores, é nossa obrigação ir atrás dessas histórias”, opina Juan.

O papo é sério

Temas como racismo, LGBTQfobia e outras pautas sociais aparecem em diversas obras que conversam com o público adolescente. ‘Querido Ex’, por exemplo, é protagonizado por um jovem negro e gay. “O meu principal objetivo como escritor é trazer para o centro da narrativa personagens que eu gostaria de ter conhecido na adolescência, personagens como eu”, aponta Juan.

O autor ainda fala sobre a importância de tomar certos cuidados ao retratar o assunto: “Quando a gente dialoga com o público jovem, a gente tem uma responsabilidade muito grande na hora que a gente vai representar personagens, principalmente personagens que foram poucos representados. O risco de a gente cair em estereótipos ou reforçar um estereótipo nocivo é muito grande”.

Para Vitor Martins, os jovens de hoje em dia estão aptos para as discussões de pautas tão importantes. Em seus livros, assuntos como o relacionamento com pais conservadores e gordofobia estão presentes. “Se subestima muito a inteligência e a capacidade de interpretação do jovem leitor, quando na verdade esses jovens já estão muito mais para frente. Sinto que é uma geração muito mais preparada para isso”, diz.