Fundação Padre Anchieta

Custeada por dotações orçamentárias legalmente estabelecidas e recursos próprios obtidos junto à iniciativa privada, a Fundação Padre Anchieta mantém uma emissora de televisão de sinal aberto, a TV Cultura; uma emissora de TV a cabo por assinatura, a TV Rá-Tim-Bum; e duas emissoras de rádio: a Cultura AM e a Cultura FM.

CENTRO PAULISTA DE RÁDIO E TV EDUCATIVAS

Rua Cenno Sbrighi, 378 - Caixa Postal 66.028 CEP 05036-900
São Paulo/SP - Tel: (11) 2182.3000

Televisão

Rádio

Divulgação
Divulgação

Em 18 de julho de 2020, o estádio Centenário completou 90 anos. Localizado em Montevidéu, Uruguai, foi o palco da primeira final da Copa do Mundo e carrega em suas arquibancadas o peso da história do futebol sul-americano, com 409 jogos da Copa Libertadores disputados no local. Porém, o único monumento histórico do futebol mundial reconhecido pela FIFA pode mudar de cara, ou mesmo ser reconstruído. Há pelo menos dois anos são realizados estudos para uma ampla reforma do estádio, com o objetivo de deixá-lo pronto para receber jogos da Copa de 2030, edição comemorativa de 100 anos da competição e cuja candidatura os uruguaios dividem com Argentina, Chile e Paraguai.

A modernização é importante e faz parte da manutenção destes espaços. No Brasil, em meio ao processo de organização e planejamento da Copa 2014, uma onda de reformas e construções de estádios se espalhou pelo país. Obras que representam um salto na qualidade da infraestrutura para a prática do futebol profissional, mas que não estão livres de críticas .

O Maracanã sofreu uma alteração significativa que dividiu a opinião pública. Por um lado, a modernidade, o conforto e a segurança de uma arena que proporciona uma excelente experiência ao torcedor. Do outro, mudanças que fazem o público se sentir em um estádio com somente alguns anos de existência. Seguindo essa onda, alguns palcos tradicionais do futebol brasileiro deram lugar a novíssimas Arenas . Em Natal-RN, o Estádio Machadão, importante casa do futebol potiguar, foi substituído pela Arena das Dunas. Esse fenômeno não é exclusivo daqui. Na Espanha, o Sarriá, local da derrota brasileira para a Itália na Copa de 1982, e o sueco Rasunda, onde Bellini levantou a taça Jules Rimet em 1958, não existem mais.

Muitos dirigentes e autoridades colocam seus interesses acima do debate em torno de projetos sólidos que poderiam evitar obras com valores exorbitantes e que poderiam dar um novo fôlego para os gigantes com idade avançada. Na região Sul, por exemplo, dois estádios que poderiam ter sido reformados ou mesmo ter um novo destino digno, seja para abrigar jogos de times menores ou competições amadoras, sofrem com uma morte lenta e dolorosa.

O Olímpico Monumental recebeu os jogos do Grêmio por 59 anos e mora no coração de milhões de torcedores tricolores que fizeram da famosa comemoração em "avalanche", após os gols, a sua marca registrada.

Envolvido na negociação do clube com a construtora OAS, deveria ser demolido e dar lugar a um condomínio residencial. Concorde-se ou não com o destino acordado entre as partes, o estado atual do "velho casarão" chega a entristecer até mesmo torcedores de outros times. Abandonado, foi alvo de saques e pichações e hoje atrai curiosos munidos de drones, com o objetivo de vasculhar o que sobrou do antigo campo gremista.

Em Curitiba, outro estádio com muita história agoniza. Planejado em 1956 para ser o segundo maior estádio do mundo na época, atrás apenas do Maracanã e finalizado 26 anos depois, o Pinheirão pertencia a Federação Paranaense de Futebol e recebeu jogos da Seleção Brasileira e dos principais clubes do Estado.

Lacrado em 2007 pela 18° Vara Civel da cidade devido a uma ação do Ministério Público do Paraná, o estádio ficou abandonado por vários anos e também sofreu com a ação de vândalos. Arrematado em leilão pelo empresário João Destro, o complexo ainda não tem futuro definido. Durante uma entrevista concedida ao jornal Gazeta do Povo em 2018, o novo dono afirmou gastar em torno de 500 mil reais por mês com impostos, segurança e limpeza do local. Dois anos se passaram e o estádio continua do mesmo jeito.

A escolha da proposta vencedora para sediar a Copa do Mundo de 2030 está marcada para daqui a quatro anos. Reformado ou não, a história do estádio Centenário, em Montevidéu, precisa ser preservada, ter uma vida longa e não ser descaracterizado ou descartado como entulho.

Gabriel Argachoy é jornalista e repórter esportivo da TV Cultura.