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Divulgação/Premier League
Divulgação/Premier League

A primeira rodada do Campeonato Brasileiro de 2020 começou no último sábado (08/08) com uma marca interessante: seis dos vinte clubes que disputam o torneio trocaram de técnico desde o início do ano, e muitos deles com poucas partidas disputadas por suas equipes. Jesualdo Ferreira, dispensado pelo Santos dias antes da estreia contra o Red Bull Bragantino, comandou o Peixe em apenas quinze oportunidades. Já o Atlético-MG demitiu em fevereiro o venezuelano Rafael Dudamel após dez jogos como treinador do Galo, com quatro vitórias, quatro empates e duas derrotas.

Na maioria das vezes, as opiniões dos torcedores são movidas pela paixão. Formação, estatísticas ou mesmo a identificação do técnico com o clube ficam de lado após uma sequência de resultados negativos. Perder para o rival, então, torna-se fatal. A pressa por resultados associada ao amadorismo de grande parte dos dirigentes dificulta a consolidação de um modelo de jogo para o time e prejudica o desenvolvimento de projetos a longo prazo.

Um voto de confiança em momentos de crise pode fazer a diferença. Sir Alex Ferguson, responsável por comandar o Manchester United por vinte e sete anos, que o diga. Considerado um dos melhores técnicos da história do futebol, o escocês também enfrentou períodos difíceis em Old Trafford.

Os primeiros anos de Fergie à frente do clube inglês foram de altos e baixos, ocupando posições no meio da tabela até chegar ao vice-campeonato em 1988, perdendo o título para o Liverpool. Um ano depois, a pressão em cima do treinador aumentou consideravelmente após seu time vencer apenas duas partidas em catorze rodadas, com direito a derrota para o rival City: cinco a um. A diretoria optou por manter o técnico, mas o jejum continuou. Ainda assim, a confiança em Ferguson permaneceu, e o trabalho começou a render frutos. Apesar de terminar em décimo-terceiro no Campeonato Inglês, a equipe conquistou a Copa da Inglaterra naquele ano. Três anos mais tarde, o clube voltaria a levantar a taça do campeonato nacional.

Em 1995, um ano antes de assumir o comando do Arsenal, onde ficaria por vinte e dois ano, Arsène Wenger treinou o Nagoya Grampus, do Japão. A chegada do novo técnico poderia ser um alento para a equipe que havia terminado na lanterna da última edição do campeonato japonês. Para decepção da torcida, o clube venceu apenas uma partida nas oito primeiras rodadas. Apesar das dificuldades na comunicação com os jogadores e das críticas da imprensa, a insistência em manter o treinador no emprego trouxe resultados e aos poucos o francês conseguiu aplicar suas ideias. O Grampus terminou o primeiro turno na quarta colocação, além de ter sido vice-campeão do segundo. (O campeão era decidido após uma final entre o vencedor de cada etapa).

Na Inglaterra não foi muito diferente. Ao chegar aos Gunners em 1996, Wenger foi recebido com perplexidade pelos torcedores, já que o novo comandante não era muito conhecido na terra da rainha. Com seu estilo peculiar, cortou até mesmo a cerveja de seus jogadores em dias de folga. Seu estilo de jogo, apelidado por alguns de "boring football", futebol chato em inglês, também recebeu críticas. Mas novamente, a insistência no trabalho deu certo, e o Arsenal conquistaria vários títulos sob o comando de "Le Prof", os primeiros já na temporada 1997-98.

É impossível prever como seriam os trabalhos desenvolvidos pelos técnicos demitidos ao longo de 2020 no Brasil, mas exemplos servem como ponto de partida para uma reflexão: será que a demissão realmente é a chave para mudar os rumos das equipes? Na maioria das vezes, não.

Gabriel Argachoy é jornalista e repórter esportivo da TV Cultura.