Fundação Padre Anchieta

Custeada por dotações orçamentárias legalmente estabelecidas e recursos próprios obtidos junto à iniciativa privada, a Fundação Padre Anchieta mantém uma emissora de televisão de sinal aberto, a TV Cultura; uma emissora de TV a cabo por assinatura, a TV Rá-Tim-Bum; e duas emissoras de rádio: a Cultura AM e a Cultura FM.

CENTRO PAULISTA DE RÁDIO E TV EDUCATIVAS

Rua Cenno Sbrighi, 378 - Caixa Postal 66.028 CEP 05036-900
São Paulo/SP - Tel: (11) 2182.3000

Televisão

Rádio

Reprodução/Twitter/UEFA Champions League
Reprodução/Twitter/UEFA Champions League Precisamos recuperar o prestígio do futebol nacional

A vitória do Bayern de Munique em cima do Paris Saint-Germain na final da Liga dos Campeões deste domingo (23) fechou com chave de ouro um período de duas semanas em que nos acostumamos a ver bons jogos ao final da tarde pela televisão. Por causa da pandemia do novo coronavírus, a competição teve o seu regulamento alterado pela UEFA. A entidade optou por concentrar todos os jogos a partir das quartas de final na cidade de Lisboa, em Portugal, além de substituir o tradicional “mata-mata” por jogos únicos.

Equipes formadas por grandes estrelas, contratos milionários, a grife, o hino. A competição encheu os olhos do público em todo o mundo, e no Brasil não foi diferente. As redes sociais vibravam com cada gol. No WhatsApp, torcedores alfinetavam as equipes dos amigos, faziam apostas, enviavam figurinhas de Neymar, Lewandowski, Mbappé. Recordes de audiência foram quebrados tanto nas transmissões realizadas pelo Facebook como na TV por assinatura.

A comparação com o atual momento do futebol nacional foi inevitável. O país já foi a casa de grandes esquadrões, como o Santos de Pelé, o Flamengo de Zico e o São Paulo de Telê Santana. A Seleção Brasileira encantou o mundo diversas vezes, ostentando em seu elenco nomes como Garrincha, Falcão, Bellini, Rivellino, Sócrates. Equipes que foram responsáveis por despertar a curiosidade do europeu em conhecer (e tentar imitar) o modelo de jogo desenvolvido por aqui. Apesar disso, nos últimos anos, o Brasil se acostumou com o rótulo de exportador de craques para o velho continente. O sonho do garoto que deseja se tornar um jogador profissional não é ganhar o Brasileirão, mas o Campeonato Inglês.

O ditado já diz: “se não pode vencê-los, junte-se a eles!”. Precisamos estudar o futebol europeu e entender onde erramos. Somente com a organização de um campeonato nacional forte, com clubes financeiramente saudáveis e dirigidos por profissionais com experiência, e com tudo isso aliado a uma revisão do trabalho atualmente desenvolvido nas categorias de base, poderemos sonhar com o retorno deste protagonismo.

No início da década de 1990, a Inglaterra debatia o Relatório Taylor, que propunha novas medidas para a segurança dos torcedores após o desastre de Hillsborough, e a criação de uma nova liga, a Premier League, para administrar a primeira divisão. Na época, o campeonato era organizado por outra entidade, a English Football League, criada em 1888 e responsável atualmente pelas divisões inferiores e a Copa da Liga Inglesa. Em pleno 2020, o Brasil ainda depende da CBF para organizar seus torneios de clubes. Até os carnavais de São Paulo e Rio de Janeiro possuem ligas independentes e o futebol não.

Em 2000, após não se classificar para a segunda fase da Eurocopa, a DFB (Federação Alemã de Futebol), em conjunto com a DFL (responsável pela Bundesliga), organizaram um plano para revitalizar a modalidade no país. Os clubes foram obrigados pela liga a investir em academias de futebol para jovens promessas, em troca da licença para participar da primeira divisão. Enquanto isso, a federação inaugurou, em parceria com escolas alemãs, 366 centros de formação para crianças de até 14 anos. Até 2016, os clubes já haviam investido mais de um bilhão de euros em infraestrutura para a base. Também houve investimentos na formação dos técnicos. Planos de carreira e cursos de formação foram atualizados, e o número de intercâmbios com treinadores de outros países cresceu bastante.

Exemplos como esses mostram que é possível reestruturar o futebol brasileiro. Já passou da hora de começar.

Gabriel Argachoy é jornalista e repórter esportivo da TV Cultura.