O mês de setembro trouxe alegria para os fãs do futebol feminino. As contratações da ex-capitã da Seleção Brasileira e ex-diretora da Federação Paulista Aline Pellegrino, nova coordenadora de competições nacionais femininas, e da ex-diretora do Internacional e também ex-jogadora Duda Luizelli, agora responsável pelas seleções adulta e de base, atendem a uma reivindicação antiga das profissionais do meio: a nomeação de mulheres para os cargos responsáveis por decidir os rumos do futebol feminino brasileiro.
A chegada das duas dirigentes, comunicada pelo presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Rogério Caboclo, em uma entrevista coletiva realizada na última quarta-feira (2), foi acompanhada do anúncio da adoção, pela entidade, de novas medidas que visam igualar o tratamento dado para as seleções femininas e masculinas. Segundo a CBF, ambas as equipes recebem, desde março deste ano, os mesmos valores de diárias e premiações, seguindo o exemplo de países como Austrália, Noruega e a Nova Zelândia. A notícia ganhou repercussão na internet, e estrelas internacionais como a atacante canadense Christine Sinclair comemoraram a decisão.
O futebol feminino tem ganhado destaque nos últimos anos, com o aumento no número de páginas sobre o tema nas redes sociais e a transmissão de competições importantes na televisão. A imprensa tem dado mais espaço para notícias relacionadas à modalidade, e mulheres passaram a ocupar espaços antes dominados apenas por homens.
A pressão por mudanças também envolve outros pontos, e algumas melhoras já começam a acontecer. Novas competições foram criadas, muitas envolvendo as categorias de base, fundamentais para garantir o desenvolvimento a longo prazo. Mas a luta pela igualdade está longe de terminar, principalmente entre as equipes nacionais.
A questão financeira é um dos pontos mais críticos. No início de 2020, a média salarial nos principais clubes brasileiros girava em torno de três mil reais, com poucas exceções, segundo informação publicada pelo site "Dibradoras". Muitos contratos são fechados por apenas um ano, e as dispensas ao final desse período são frequentes. A figura da "transferência", comum no futebol masculino, ainda não é muito comum no país, mas está em ascensão na Europa. Na última terça (01), a contratação da atacante Pernille Harder, que trocou o vice-campeão europeu Wolfsburg pelo Chelsea, se tornou a maior negociação da história no futebol feminino. O clube alemão desembolsou 337 mil euros, valor bem abaixo em relação ao que foi pago pelo Paris Saint-Germain para tirar Neymar do Barcelona: 222 milhões de euros.
As iniciativas anunciadas pela CBF são muito boas e representam uma vitória para todas as pessoas envolvidas no esforço coletivo para o crescimento do futebol feminino. Vamos aguardar os próximos passos e continuar torcendo para que, no futuro, a igualdade entre homens e mulheres se torne realidade.
Gabriel Argachoy é jornalista e repórter esportivo da TV Cultura.
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