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Malu Souza
Malu Souza

A Covid-19 afetou os treinos de atletas pelo mundo todo, causando depressão e ansiedade em muitos deles. A afirmação é do estudo realizado em 2020 pela Universidade Stanford, dos Estados Unidos, e pela plataforma esportiva Strava.

Para entender melhor o quanto a pandemia interferiu no desenvolvimento e conquista deles, o site da TV Cultura entrevistou atletas de alto rendimento, que lutam para se profissionalizar no esporte.

Dos espaços de treino para a sala de casa

Em março de 2020, ao receber a notícia de que não treinaria no Centro de Treinamento (CT) por tempo indeterminado, o judoca João Cimurro, de 20 anos, se planejou para continuar seus treinos em casa e focar na dieta. Com o auxílio de equipamentos, como uma esteira, ele dedicou-se da forma que conseguiu nas circunstâncias pandêmicas.

Em julho, as medidas de restrição para evitar o contágio da Covid-19 foram se flexibilizando e o ganhador de quatro campeonatos paulistas retornou para o Crossfit, onde faz sua preparação física, para assim, conquistar novamente força e resistência.

Por outro lado, o atleta afirma que ainda não teve o estímulo necessário para avançar no judô. "Em nenhum momento na pandemia eu tive um estímulo 100% igual antes. O treinamento de judô acontece em locais fechados, com diversos atletas e isso não é permitido até o momento. Então, uma rotina voltada para o meu esporte, eu não tive ainda. Precisamos do parceiro para treinar".

Já Isabella Fortes, de 22 anos, que está em outra modalidade de luta, manteve contato presencial com a sua parceira de treino. Como a colega tinha tatame em casa, foi possível que apenas as duas treinassem Jiu-jitsu pelo menos uma vez ao dia. Embora, a lutadora relate que os treinos diminuiram, "Os treinos diários foram reduzidos, antes do isolamento eram cerca de três treinos ao dia e com as restrições foi reduzido para um".

Prejuízos da pandemia

Thiago Gabriel, de 20 anos, nunca foi contratado por clubes grandes de futebol, então sua alternativa eram os clubes menores, que segundo ele, são sempre mais difíceis na questão de financiar jogadores. Em janeiro de 2020, o atleta subiu para o time profissional do Grêmio Mauaense, da cidade de Mauá. "Quando eu achei que as coisas iam andar para mim, chegou a pandemia e parou tudo. Sem treino, sem academia, sem nada. Eu fui me virando com o que tinha, pegando bola emprestada e fazendo de tudo para não ficar parado".

O jogador relata como a pandemia interferiu na sua confiança, "Esse tempo parado afetou a minha vida como atleta, parado você não consegue arrumar clube, fica sem ritmo, fica sem confiança. A confiança é essencial para um atleta. A pressão aumentou na minha mente, porque eu não tinha mais 15 anos, eu tenho 20 e as portas estão se fechando para mim".

Com a liberação para voltar ao campo no ano passado, Thiago lembra de como foi difícil jogar uma partida por completo. Ele diz que não manteve a mente boa e jogou apenas 90 minutos em um ano. Estava abalado, sua confiança tinha desaparecido e não conseguiu recuperá-la no período curto disponível.

Ao terminar o campeonato em novembro, o jogador perdeu seu espaço no time, devido à condição financeira do seu clube. Segundo ele, os patrocinadores não queriam subsidiar o esporte, já que tudo estava parado e não geraria lucro.

Para o judoca João Cimurro, a pandemia chegou na transição mais importante da sua carreira de atleta, quando está saindo da seleção de base e indo para a principal. "Eu teria esses dois anos, 2020 e 2021, como chance de enganchar na seleção principal e ir direto para ela".

João também terá apenas dois anos, 2022 e 2023, para se dedicar ao máximo e conseguir uma boa colocação no ranking que determina quais atletas irão participar das Olimpíadas de 2024. Sem a pandemia, ele teria quatro anos para focar no seu objetivo e conquistar uma vaga.

Para Luiz Guilherme Paulino, treinador de Atletismo do Clube Esperia, a pandemia também trouxe a desigualdade para os atletas de alto rendimento, já que não eram todos que tinham condições e equipamentos para treinar em casa. "Alguns atletas têm espaço particular para treinar e viram oportunidade de avançar, enquanto outros estavam parados".

Escolha de ficar em casa

Augusto Gaspar, de 14 anos, estava treinando futebol no Complexo Social do São Paulo e esperando para ter sua chance de ir para uma categoria de base. Sua opção era participar de peneiras, para ver se era escolhido por algum time. No começo de 2020, foi chamado para participar da peneira do Independente Futebol Clube, time de base.

Fez os testes e jogou com o time, mas com o surgimento da pandemia, nenhum resultado concreto foi divulgado e o atleta ficou sem respostas, apenas acompanhando as instruções de treinos nos grupos de WhatsApp para fazer em casa. O jogador acredita que ao voltar a treinar, terá a resposta de que foi aprovado, mas mesmo com a flexibilização das medidas de restrição contra a Covid-19, Augusto não se sente confortável em treinar presencialmente.

"Não vejo necessidade de me expor ao vírus tão cedo. Mesmo os treinos voltando, o número de óbitos a 408 mil assusta e o número de casos ainda está ruim, eu imagino que vou treinar em casa por mais um bom tempo", afirma o jogador. Segundo ele, seu treinador disse que entende a decisão, já que era a saúde de um atleta dele em risco, mas Gaspar imagina que ele não tenha ficado contente, porque é muito importante que o jogador treine com o elenco completo, para haver um desenvolvimento e evolução em conjunto.