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Montagem: Frederico Ribeiro e Instagram América Futebol Clube
Montagem: Frederico Ribeiro e Instagram América Futebol Clube

No último sábado (18), Marcus Salum, coordenador de futebol do América-MG, realizou uma live, no canal oficial do clube, para esclarecer sobre o andamento do projeto clube-empresa e responder questionamentos dos torcedores do Coelho em relação ao assunto. Durante o bate-papo, o dirigente afirmou que há chances da agremiação mudar a gestão para o modelo empresarial ainda este ano.

Atualmente, Salum exerce dupla função no América-MG, além de gerir o departamento de futebol, também é responsável pelo projeto de transformar o clube em empresa. Segundo o diretor, já existe um acordo com um grupo de investidores, e a agremiação já busca garantias para fazer a transição final entre dezembro deste ano e janeiro de 2022. No vídeo, Salum fez questão de frisar que o projeto ainda não foi aprovado internamente. Para isso acontecer, é preciso aprovação do conselho consultivo, assembleia geral e conselho deliberativo.

Quando o assunto “clube-empresa” é debatido entre os torcedores, um dos pontos que vem à tona é a possibilidade do clube do coração perder a identidade, ou sofrer mudanças radicais, como alteração no escudo, troca de cores tradicionais, entre outras coisas, por conta da chegada de investidores. Eduardo Carlezzo, advogado especializado em direito esportivo, entende que essa dúvida não é motivo para assustar as torcidas.

“O Projeto de Lei estabelece que a Sociedade Anônima do Futebol vai suceder o clube com relação à marca, imagem, cores, etc. A partir do momento em que isso é transferido para a empresa, as eventuais mudanças dependerão sempre do consentimento da antiga associação. Portanto, há uma proteção de, caso no dia de amanhã, um investidor que seja dono da SAF resolva fazer estas mudanças”, esclarece o especialista.

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Carlezzo também opina sobre os pontos positivos da transformação dos clubes em empresas. “A possibilidade de equacionamento das dívidas é um ponto alto, já que é algo bastante importante hoje no futebol nacional, e são estabelecidos vários instrumentos para isso”, comenta.

Na mesma linha de pensamento, Pedro Trengrouse, advogado especialista em gestão esportiva da Fundação Getúlio Vargas, define o clube-empresa como um caminho para mais investimentos e melhor gestão. “Ambos são fundamentais para o desenvolvimento do futebol profissional. Como em qualquer empresa, o patrimônio investido pelos sócios responde pelas falhas da gestão. Esse é o maior incentivo para eficiência”.

O especialista ainda acrescenta. “O clube pode pensar em abrir capital e atrair investimentos com segurança jurídica, enquanto clubes associativos têm muita dificuldade para planejamento de médio e longo prazo pela instabilidade de eleições periódicas em que compromissos da gestão anterior muitas vezes são descumpridos sem nenhuma grande consequência, além do aumento da fila de credores”.

Segundo um estudo elaborado pela consultoria Ernst & Young, 96% das 202 equipes da primeira e segunda divisões da Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Itália são entidades privadas. Apesar desse modelo de gestão estar consolidado nas principais ligas europeias, o Brasil ainda engatinha nesse aspecto. Dos 40 clubes que compõem a primeira e segunda divisões do Campeonato Brasileiro somente dois possuem formato empresarial, o Cuiabá e o RB Bragantino.

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O vice-presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch, exalta as principais vantagens da gestão de um clube nos moldes empresariais. “É menos burocrática na tomada de decisões e mais cuidadosa e responsável com os próprios gastos. O clube-empresa tem um dono e ele vai responder diretamente pelos prejuízos caso o clube venha a ter”.

A família Dresch comprou a agremiação em 2009 e, desde então, administra o clube municiada pelos investimentos da Drebor, fabricante de material utilizado por recapeadores de pneus, que foi fundada há pouco mais de 30 anos. Cristiano e seu irmão, Alessandro Dresch, são os responsáveis pela gestão das áreas administrativas e de futebol do Cuiabá. Todo o investimento feito ao longo desses anos trouxe resultados expressivos dentro das quatro linhas.

Graças à boa campanha do Cuiabá na Série B de 2020, terminando na quarta colocação, o estado do Mato Grosso voltou a ter um representante na elite do futebol brasileiro depois de 35 anos. Além desse feito histórico, a equipe também consolidou uma hegemonia em nível estadual. Conquistou oito títulos dos últimos nove campeonatos mato-grossenses. Para Cristiano, o próximo passo do clube é a permanência na Primeira Divisão.

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Outro exemplo de Projeto S.A no Brasil é o Botafogo-SP, que há três anos se tornou clube-empresa e atualmente atua na Série C do Brasileirão. Desde 2018, o futebol botafoguense é administrado 60% pelo próprio clube e 40% pela Trex Holding, empresa de investimentos comandada por Adalberto Baptista.

"Tenho absoluta certeza de que a saída para os clubes vai ser a profissionalização e a transformação em uma empresa, como já foi feito aqui. Os insucessos dentro de campo podem acontecer com ou sem S/A, não é isso que vai caracterizar o desempenho em determinada competição. Mas é isso que pode, sim, estipular uma vida mais saudável e estável a médio e longo prazo, é o que batemos na tecla", afirma o presidente do Conselho de Administração da S/A, Adalberto Baptista.

Desde o início do Projeto, a construção da Arena Eurobike, espaço para 15 mil pessoas, dentro do estádio Santa Cruz, foi uma das principais conquistas patrimoniais e pensada justamente para atrair mais recursos. Em março e maio de 2020, estavam previstos quatro grandes shows internacionais e um infantil, mas todos foram cancelados em razão da Covid-19.

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