Após punição pelo pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), no Rio de Janeiro, o Corinthians vai jogar uma partida do Campeonato Brasileiro com portões fechados por cantos homofóbicos da torcida no último confronto com o São Paulo, em maio.
A decisão foi tomada nesta quinta-feira (6). A determinação já havia sido anunciada na 3ª Comissão Disciplinar, no entanto, o Corinthians solicitou e conseguiu um efeito suspensivo.
O alvinegro paulista cumprirá a pena de jogar sem o apoio de seu torcedor na partida contra o Vasco, válida pela 18ª rodada da competição, em 30 de julho.
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Argumento da defesa
O advogado de defesa do Corinthians, Daniel Bialski, solicitou a absolvição do clube. Ele defendeu que não há dolo nos cânticos homofóbicos vindos da torcida corintiana contra os são-paulinos.
“Todos repudiam qualquer tipo de discriminação, preconceito, intolerância, discurso de ódio, mas tem que se analisar o elemento subjetivo. A sociedade mudou, mas isso não quer dizer que se trata de homofobia. Essa provocação que existe, existe também do São Paulo contra o Corinthians, do Flamengo contra o Fluminense”, afirmou Bialski.
“Não necessariamente existe dolo a se dizer ‘isso é homofóbico, de extrema gravidade'. Não é de extrema gravidade. Não tem dolo. É canto para provocar time e incentivar o outro time. Muito diferente do caso de racismo, como aconteceu com o Vini Jr. lá fora. Ali houve dolo, chamando o jogador de macaco”, afirmou o advogado do Corinthians.
José Perdiz, presidente do Superior Tribunal Desportiva, se manifestou dizendo que a pena do clube paulista precisa ser acompanhada em outros julgamentos.
“Existe hoje um patamar de respeito mútuo muito maior, do que podia ser considerado de pequena ofensa, uma piada. Por isso o tribunal tem mudado seu patamar. A legislação também mudou. Estão todos totalmente atentos a isso”, afirmou Perdiz.
A punição se baseia no artigo 243 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que proíbe, dentre outras coisas, a discriminação baseada no preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.
A punição estabelecida pela corte é considerada a primeira do tipo desde a implementação do novo Regulamento Geral das Competições da CBF, que trata com mais rigor casos de preconceito nos estádios.
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Relembre o caso
Os cantos homofóbicos da torcida do Corinthians contra o time do São Paulo aconteceram no último Majestoso disputado no Campeonato Brasileiro deste ano.
Na ocasião, o árbitro Bruno Arleu de Araújo paralisou o jogo aos 17 minutos do segundo tempo e retomou a disputa depois de cerca de quatro minutos. A situação foi relatada em súmula.
Os telões da Neo Química Arena chegaram a exibir mensagens de alerta contra os cantos preconceituosos, mas os gritos foram intensificados após a paralisação da partida.
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