Fundação Padre Anchieta

Custeada por dotações orçamentárias legalmente estabelecidas e recursos próprios obtidos junto à iniciativa privada, a Fundação Padre Anchieta mantém uma emissora de televisão de sinal aberto, a TV Cultura; uma emissora de TV a cabo por assinatura, a TV Rá-Tim-Bum; e duas emissoras de rádio: a Cultura AM e a Cultura FM.

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O coronavírus mudou muita coisa na vida das pessoas. Algumas já se incorporaram tanto ao nosso dia a dia que nem nos surpreendemos mais com elas, parecem que sempre existiram. Esse é o caso dos botões de elevador e maquininhas de cartão, que ganharam uma película de proteção, das fitas de interdição nas áreas comuns do condomínio ou das sinalizações que marcam o distanciamento mínimo entre pessoas nas filas do supermercado e farmácia. O que você pode não ter percebido é que, por mais que necessárias que sejam, essas mudanças dificultam bastante a vida dos deficientes visuais.

Como assim? Mellina Hernandes Reis, de 37 anos, é deficiente visual e tem um cão-guia, a labradora Hilary. Se ela e Hilary já passavam por algumas dificuldades antes da pandemia, agora sair de casa é uma aventura. “Como dizem, o tato é a nossa visão, e em um momento em que o tato fica tão perigoso, tudo é mais complicado”, diz.

Quando a administração do prédio onde Mellina mora com os pais, em São Paulo, optou por colocar um plástico grosso em cima dos botões do elevador, Mellina não conseguiu mais identificar sozinha qual era o próprio andar. “Tive que conversar com o condomínio para que, na minha torre, conseguíssemos adaptar essa medida de segurança. Agora, o meu andar e o térreo estão em relevo, por cima do plástico”.

Outro problema enfrentado por ela é na hora de fazer compras. Mellina precisa de auxílio de algum funcionário para pegar produtos em prateleiras de supermercados e pet shops, alguns dos poucos locais onde tem ido durante a quarentena. O problema, segundo ela, é que com o distanciamento social, o atendimento não está mais tão receptivo. “As pessoas estão com medo de se aproximar e querem que eu termine minha compra rápido”.

Ela sugere que os locais treinem seus funcionários para garantir que auxiliem os deficientes visuais inclusive na higienização. “Eu não consigo ver o totem de álcool em gel, então os funcionários poderiam nos auxiliar na entrada e saída para que a gente higienize as mãos”, afirma.

E a Hilary? Mellina também precisa tomar cuidados adicionais por causa de Hilary: ela evita o transporte público, por exemplo, pois Hilary se deita com frequência no chão, o que dificulta a limpeza. “O cão-guia é treinado para fazer suas necessidades apenas na rua, então eu preciso sair entre três e quatro vezes por dia com ela. A cada saída, limpo as patas e o arreio. Dependendo de onde vou, principalmente no transporte público, ela tende a se deitar e aí, na volta, também preciso limpar os pelos com xampu seco. É bastante trabalhoso”.

E os impactos da covid-19 não param por aí

Assim como muitos brasileiros, Mellina também sentiu o peso da pandemia no bolso. Palestrante e criadora do blog 4 Patas pelo Mundo, onde compartilha dicas de viagens acessíveis para deficientes visuais, ela conta que viu a renda reduzir drasticamente, já que está impossibilitada de viajar e, como nenhum evento pode acontecer, de palestrar.

O pai de Mellina é autônomo e também viu o dinheiro encolher. Na tentativa de dar a volta por cima, a família está apostando na venda de pudins. “Minha mãe cozinha muito bem e resolvemos incentivá-la a fazer para vender. Tem dado certo. Começamos em maio para o dia das mães e o faturamento vem crescendo”. Mellina cuida das vendas e das redes sociais do Pudim&Caramelo. “Acho que isso fala sobre o poder do ser humano de se reinventar durante a crise. Tenho visto muita gente resistindo como pode e se adaptando. É o que esse período pede”.