Fundação Padre Anchieta

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Como vem acontecendo em outros países, o choque do coronavírus vem fazendo uma parcela da população brasileira –aqueles que possuem mais renda ou que não foram afetados por suspensão ou redução de salários– a poupar.

Seja pelo receio do que o futuro reserva, seja pela impossibilidade de gastar, por causa da quarentena imposta pela infecção, o fato é que há sinais de que os mais privilegiados estão economizando mais.

Um deles é que, em meio à turbulência, os depósitos na caderneta de poupança superaram os saques em R$ 100,3 bilhões entre março e junho, segundo dados do Banco Central. É um montante maior do que o todo o saldo positivo registrado entre 2017 e 2019.

Parte desse movimento é provocado pelo auxílio de R$ 600 depositado pela Caixa.

Mas há também um componente importante do que o BC chama de “poupança precaucional”, ou seja, recursos que são guardados para formar uma espécie de colchão de emergência. Neste momento, em que o isolamento social obriga as pessoas a ficar em casa, e o comércio a fechar as portas ou operar com restrições, esse movimento fica ainda mais pronunciado.

“A transferência de renda do governo, combinada à queda no consumo por causa das restrições sanitárias, estão levando a um aumento da taxa de poupança”, afirma Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter.

Esse é um fenômeno que não é restrito ao Brasil. Uma reportagem do jornal Financial Times mostrou que nos Estados Unidos a taxa de poupança aumentou de 7,9%, no início do ano, para 23,2% em maio.

Na Zona do Euro, a taxa se elevou de 12,7%, no último trimestre do ano passado, para 16,9% nos primeiros três meses deste ano, quando o impacto da pandemia sobre a economia já era sentido.

Renda x Vendas

Um ponto que economistas gostam de olhar para calcular o quanto de recursos estão sendo economizados é a relação entre renda e vendas do comércio.

Entre fevereiro e abril, a massa de rendimento real média dos trabalhadores teve queda de 2,9%, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No mesmo período, as vendas no varejo tombaram 15,4%, também de acordo com números do IBGE.

Ou seja, a renda caiu, mas o consumo se retraiu em uma proporção muito maior nesse período.

O economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central (BC), aponta que esse é um indício do aumento da taxa de poupança, já que não há um dado atualizado e preciso sobre quanto os brasileiros estão economizando. “Há indicações indiretas. Por exemplo, a renda não parece ter caído tanto quanto as vendas”, aponta.

Esse movimento foi anulado em maio, quando o comércio registrou alta de 13,9% nas vendas na comparação com abril. “O consumo bombou no mês retrasado, o que mostra que a confiança está aumentando”, pondera Rafaela.

Inversão

Além dos recordes batidos pela poupança, outro indicador desse movimento é o forte aumento da captação de CDBs (Certificação de Depósitos Bancários), que são títulos de dívida emitidos pelos bancos. Entre meados de março e o início de fevereiro, o estoque dessas aplicações conservadoras aumentou 37,7%, de acordo com dados da B3.

“Aquela propensão a consumir, que é uma característica do brasileiro, deu uma invertida”, afirma Luciano Ribeiro, superintendente de negócios e desenvolvimento do Bancoob, instituição financeira ligada à cooperativa de crédito Sicoob. “E há um forte movimento de substituir aplicações mais arriscadas por poupança”.

Ajuda ou atrapalha?

Afinal, um crescimento da taxa de poupança ajuda ou atrapalha em uma retomada da economia no pós-pandemia?

“Não está claro”, afirma Schwartsman. “Se for apenas porque as pessoas não têm como gastar, pode ajudar. Se for porque têm medo do futuro, provavelmente não”.

Para Vitória, do banco Inter, essa economia já está tendo um papel importante na retomada, como mostram os dados do IBGE do comércio em maio.

“O fato de as pessoas terem liquidez é bom para esse início de retomada. É um estímulo inicial muito importante”, avalia. “O auxílio emergencial é temporário, mas na medida em que a economia vai sendo reaberta, os funcionários vão sendo chamados e a retomada passa a depender da volta do emprego”.

Outro sinal de que esses recursos estão começando a voltar para a economia são dados do mercado de capitais e fundos de investimento.

Em junho, por exemplo, a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais) informou a entrada de R$ 50 bilhões na indústria de fundos, a primeira vez que o dado ficou positivo desde o início da pandemia.