As férias de julho estão colocando à prova a criatividade das famílias que levam a quarentena a sério e quase não podem contar com a possibilidade de passeios e atividades ao ar livre, programas tradicionais para aproveitar esse período.

Uma das alternativas, dependendo do estágio das regras locais, é ir a parques e praças com os pequenos. “É preciso ter uma conversa bem séria com as crianças para deixar claro o que pode e o que não pode fazer, o que pode e o que não pode tocar. Usar brinquedos como balanços e gangorras, por exemplo, não pode”, lembra a especialista em educação infantil Luciane Motta, fundadora da Casa do Brincar, em São Paulo, espaço de desenvolvimento infantil que está temporariamente fechado por conta da pandemia.

Além de profissional da área, Luciane é também mãe de três filhas, de 18, 11 e dois anos. Moradora de São Paulo, ela tem levado as filhas a parques, aproveitando que essa possibilidade foi liberada na cidade. As atividades que elas fazem nesses locais nunca envolvem outras crianças e são sempre realizadas com objetos trazidos de casa, como bola, bambolê e corda para pular.

Luciane sugere, como alternativa de programa ao ar livre, convocar as crianças para perceber a natureza – cheiros, sons, pássaros, insetos. “A gente observa os diferentes tipos e formatos das folhas caídas no chão e costuma recolher as mais interessantes para fazer alguma arte com elas em casa”, descreve.

Sempre de olho

Crianças a partir de dois anos devem usar máscaras – o que nem sempre é fácil no caso dos menorzinhos. “Tem que insistir e tentar tornar a coisa divertida. Uma boa estratégia é convocar a criança para ‘customizar’ com desenhos a máscara que ela vai usar, o que cria uma relação mais afetiva com o objeto.”

É fundamental que os adultos e as crianças mais velhas usem a máscara o tempo todo quando estão fora de casa, para servirem como exemplo e referência para as mais novas.” E a cobrança das regras precisa ser firme: se a criança não cumprir o combinado, o passeio acaba.

As regras precisam estar claras, e reforçá-las nunca é demais. Uma das mais importantes diz respeito à possível aproximação de outras crianças, algo natural em parques e praças. “Com cuidado e conversa, temos que permanecer ativamente próximos das crianças, observando o que está acontecendo e interferindo caso necessário”, recomenda Luciane.

“Não dá para deixar as crianças mais soltas, como normalmente fazíamos num parque, mesmo porque há muitos pais que realmente não estão tão atentos para a gravidade da situação”, compara.

Disposição e criatividade

Na maior parte do tempo, contudo, as férias estão sendo passadas dentro de casa, mesmo. Um certo colorido diferente pode ser dado por mudanças na rotina, como permitir que as crianças durmam e acordem mais tarde, façam as refeições um pouco fora de hora e até mesmo que comam um pouco mais de guloseimas que o normal.

Convocar os amigos da escola para encontros virtuais – ocasiões em que podem, por exemplo, compartilhar jogos como stop e palavras cruzadas – também ajuda a marcar a diferença do mês de férias para os demais.

Quando a família tem disposição e criatividade, consegue até criar momentos inesquecíveis mesmo sem sair de casa. Foi o que ocorreu no aniversário de 12 anos de André Louro, no dia 5 de julho.

Por coincidir com as férias do meio do ano, a data costumava ser sempre celebrada fora de casa, com uma viagem ou alguma atividade divertida. Ao pensar em uma alternativa, os pais de André lembraram de um comentário engraçado que o menino havia feito durante a viagem do carnaval, a última da família antes da pandemia – “se tem uma coisa que eu gosto nesta vida, é café da manhã de hotel”.

Eles tiveram então a ideia de reproduzir em casa o clima de um café da manhã em hotel. “A ideia era que fosse mais do que uma refeição especial. Precisava ser algo realmente inesperado para ele”, diz o pai de André, o advogado Daniel Louro.

Trabalho em equipe

A missão de organizar tudo, sem que André desconfiasse, contou com a cumplicidade da irmãzinha Mariana, 10 anos. Para compor a mesa com aparência de hotel, eles usaram uma bancada da casa e alugaram objetos que não tinham, como suplás para os pratos e guardanapos de pano.

Também produziram materiais gráficos, como uma placa com a inscrição “Hotel Louro” (incluindo logotipo com uma folha de louro) e números nas portas dos quartos. Na entrada da sala, uma placa informava os “horários do café da manhã”.

Havia também menu, com comidas típicas de hotel, como waffles, ovos mexidos, mini pães de queijo, mini croissants e iogurtes colocados com gelo dentro de uma tigela. As frutas foram previamente cortadas, assim como o queijo minas. E o queijo prato foi enrolado no formato típico que os hotéis costumam fazer. E havia ainda o bolo de aniversário, claro.

André foi acordado às 8h30 no dia do aniversário, com os familiares fazendo “teatrinho” como funcionários do hotel. “Ele não entendeu nada no começo. Foi muito engraçado”, conta o pai, que colocou-se na entrada da sala, de blazer, encenando o papel de maître.

Seleção de atividades

Ainda dá tempo de colorir as férias com atividades divertidas. Por isso, preparamos uma seleção de dicas que podem ajudar na missão de entreter a criançada com qualidade:

Contação de histórias

Os pequenos podem até anotar na agenda as histórias que Camila Genaro conta diariamente, às 17h, no perfil @camila.genaro do Instagram. Às 18h30, é a vez de Emília Nuñez, no perfil Mãe que Lê, @maequele. Para divertir a criançada com histórias em qualquer outro horário, é só acessar o canal Fafá conta histórias no YouTube.

Canais no YouTube

O YouTube tem vários canais interessantes para quem busca entretenimento para os filhos durante a quarentena, a começar pelos vídeos da Turma da Mônica. Outras boas opções são os canais da professora Alba Marília, que sempre posta novas brincadeiras e dicas de musicalização; o Decorando & Reciclando, que ensina a criar com materiais recicláveis; e o Tempojunto, que ajuda os pais a pensar em atividades com as crianças durante a quarentena.

Podcasts

Disponível gratuitamente nas plataformas de áudio, o podcast Deixa que eu conto foi criado pelo Unicef Brasil, com foco em crianças em idade de pré-escola e alfabetização. Outra boa fonte de diversão para os pequenos é o Imagina Só – Histórias para crianças, que também pode ser acessado pelo site imaginaso.simplecast.com.

Plataforma de diversão

A plataforma Momento Criança foi lançada durante a pandemia com o propósito de proporcionar lazer e cultura à criançada. Parte das atrações tem acesso gratuito, enquanto outras, como a oportunidade de agendar uma live exclusiva com o personagem predileto da criança, dependem de assinatura, que custa R$ 14,90 por mês.