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Os dados de desemprego divulgados hoje pelo IBGE mostraram uma radiografia ruim do mercado de trabalho. A taxa de desocupação chegou a 13,3% no trimestre encerrado em junho, frente a 12,1% em março. Apesar do salto de mais de 1 ponto percentual em apenas três meses, essa taxa não revela o drama completo do mercado de trabalho.

O número de pessoas ocupadas caiu quase 9% nesse período, e se não fosse pelo pagamento do auxílio emergencial e pelo desalento, o desemprego teria batido os 21,4% em junho — o que significa, na prática, mais de 20 milhões de brasileiros em busca de um trabalho.

Pode explicar melhor? Desde março, quase 10 milhões de pessoas perderam o emprego, mas só uma parte dessa população é contabilizada como desempregada. Isso porque o IBGE desconsidera como desocupados aqueles que estão recebendo alguma renda e/ou que não estão buscando trabalho neste momento.

O pagamento do auxílio emergencial aos desempregados e trabalhadores informais fez com que parte dessa população que perdeu a ocupação na quarentena não entrasse nas estatísticas oficiais de desemprego. Além disso, o medo de pegar o novo coronavírus levou muitos trabalhadores a deixar de procurar uma vaga, o que os coloca no grupo de desalentados, de acordo com o IBGE.

O desalento (nome dado à desistência de um trabalhador de procurar emprego) subiu 17% na crise, e chegou a 5,7 milhões de pessoas.

O que pode acontecer daqui pra frente? O possível fim dos pagamentos do auxílio emergencial coloca um sinal de alerta no painel do governo. Quando o Ministério da Cidadania deixar de ajudar os informais e os desempregados, boa parte dessas pessoas voltará a buscar uma vaga, o que pode fazer com que a taxa de desocupação suba muito rapidamente.

“Na verdade, os dados de agosto já devem mostrar parte dessa subida rápida da taxa. Muitos beneficiários do auxílio emergencial já estão se antecipando e voltaram a buscar um emprego”, prevê Daniel Duque, pesquisador de mercado de trabalho do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da FGV.

Se o governo não aprovar a extensão do benefício, as últimas parcelas do auxílio emergencial serão pagas no final de setembro. Vislumbrando o fim do recebimento dessa ajuda e a retomada do comércio em boa parte das grandes cidades, os trabalhadores informais devem voltar a buscar uma ocupação. É por isso que o pesquisador do Ibre acredita que os profissionais sem carteira assinada e por conta própria serão os grandes responsáveis pelo aumento do desemprego daqui para a frente.

O que mais pode contribuir para essa alta no desemprego? Além disso, o fim do benefício pode ser até um multiplicador para a taxa de desocupação. Costuma-se dizer que o desemprego de um chefe de família acaba resultando em mais 2 ou 3 pessoas procurando uma vaga. Isso porque se o provedor ou a provedora do lar ficarem sem alternativas, os companheiros, parentes ou filhos também devem começar a buscar um emprego para reforçar a renda da família.

Esse efeito repique faz com que seja difícil projetar a taxa de desemprego no último trimestre do ano, mas cada vez mais o mercado tem levado essas médias para próximo dos 20%. “Não há nenhum indicativo de aumento da população ocupada, o que mostra que o ritmo de fechamento de vagas continua acelerado”, diz Duque.

Como fica o emprego formal? O pesquisador do Ibre chama a atenção para o fato de os dados do IBGE mostrarem um cenário bem pior que o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), elaborado pelo Ministério da Economia. Enquanto o IBGE faz uma pesquisa por amostragem, o Caged trabalha com as declarações enviadas pelas próprias empresas.

Acontece que durante a pandemia a coleta desses dados dos empregadores teve problemas. Fechadas temporariamente em razão da quarentena ou fechadas em definitivo, muitas empresas deixaram de prestar essas informações ao Ministério, o que prejudicou até mesmo a divulgação do Caged. Tudo isso indica que os dados de desemprego no setor privado podem ser piores do que parecem.

Enquanto o Caged aponta para um saldo negativo de 1,28 milhão de vagas entre abril e junho, a PNAD, divulgada pelo IBGE, mostra que o setor privado perdeu quase 3 milhões de trabalhadores no mesmo período. Com a volta de parte das atividades econômicas, espera-se que a sangria das vagas CLT seja estancada, mas o ritmo de recuperação vai depender tão e somente da recuperação da economia.