"A favela não é problema, é solução", dizia o antropólogo e sociólogo Darcy Ribeiro. A pandemia do novo coronavírus, que veio 23 anos depois da morte do escritor, parece confirmar a frase: a rede de solidariedade e as ações mais rápidas e eficientes contra o vírus vieram justamente das comunidades periféricas.
Uma pesquisa do Instituto Locomotiva aponta que 49% dos brasileiros fizeram algum tipo de doação durante a pandemia. Entre os mais pobres, o número sobe pra 63%. "A periferia funciona na lógica da reciprocidade, onde todo mundo ajuda todo mundo. A frase que a gente ouviu durante todas as mais de 27 pesquisas que realizamos durante a pandemia é: 'na periferia, se seu vizinho tem comida, ninguém passa fome'. Mesmo entre as pessoas que receberam o auxílio emergencial, mais da metade juntou um pouquinho desse dinheiro para emprestar para algum amigo ou parente", conta Renato Meirelles, fundador do Locomotiva e Data Favela.
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A pandemia da Covid-19 expôs ainda mais a desigualdade. O Brasil é o segundo país com pior distribuição de renda do mundo, atrás apenas do Catar, segundo dados da ONU. Na Brasilândia, um dos bairros mais pobres de São Paulo, doações de comida chegam todos os dias desde o início do isolamento social graças ao projeto Brasilândia Cabeção, organização da comunidade que recebe doações também pela internet.
"A demanda é geral nos bairros periféricos da cidade de São Paulo. Como a gente recebeu muitas doações, conseguimos atender outros distritos que pertencem aos bairros vizinhos da Brasilândia", explica o líder comunitário Rodrigo Olegário, que trabalha com distribuição de cestas básicas de porta em porta.
Assista à reportagem do Jornal da Tarde:
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