Fundação Padre Anchieta

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Praias lotadas, restaurantes vazios. Essa situação não parece fazer muito sentido em tempos de quarentena. Por que alguns lugares parecem assustar menos do que outros na retomada de velhos hábitos? Para Ulysses Reis, coordenador do MBA de Gestão de Varejo da FGV (Fundação Getúlio Vargas), o que definirá o tipo de lugar que voltará a ser frequentado é a sensação de controle da situação.

Segundo ele, a pandemia dividiu o comportamento do brasileiro em várias fases – a atual é o medo da imprevisibilidade. “As pessoas estão fugindo de situações que possam ficar imprevisíveis, que não possam ser controladas. Por isso, a preferência por locais abertos. Elas vão para a praia porque têm a sensação de quem podem controlar a situação se ela sair de controle. Basta se afastar das aglomerações.”

Que locais são evitados nessa fase? Entram nessa lista o transporte público urbano e o aéreo. “Elas não sabem quantas pessoas vão entrar [no ônibus], se ficarão muito próximas de outras, se o transporte vai atrasar. Não sabem se os outros passageiros estão doentes. Não podem controlar esses fatores. No metrô, ficam preocupadas se vão ficar muito tempo respirando o mesmo ar que as outras pessoas.”

Pesquisa do C6 Bank realizada pelo Datafolha mostra que 40% dos brasileiros aumentaram o uso de transportes alternativos como bicicleta e carro próprio, que antes não era utilizado. A utilização de aplicativos de transporte parece ter voltado à normalidade. Na 99, a quantidade de corridas atingiu 95% do que era em fevereiro.

No caso do transporte aéreo, o receio está ligado a incertezas que vão desde o embarque até a viagem propriamente dita. “Elas não sabem que tipo de situação vão encontrar para embarcar ou desembarcar, se vai ter fila, se o voo estará lotado”, afirma Reis.

E que locais estão mais propensos a ser frequentados? Para Reis, são locais abertos, que funcionem com agendamento ou que comuniquem muito bem a forma como controlam aglomerações. “Salões de beleza, por exemplo, agendam o horário de atendimento, o que dá a sensação de controle da situação. Os shoppings controlam a entrada de clientes, estipularam limite de pessoas por loja.”

A mesma lógica, segundo ele, se aplica a bares e restaurantes. “As cenas de bares lotados mostram as pessoas na rua, na frente do estabelecimento. A pessoa se sente mais segura do lado de fora do que no fundo do local, de onde é mais difícil sair.”

Movimentação na Rua Aspicuelta, região da Vila Madalena, na cidade de São Paulo
Crédito: ETTORE CHIEREGUINI/AGIF – AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/AGIF – AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO

De acordo com a pesquisa C6 Bank/Datafolha, 47% dos brasileiros voltaram a frequentar comércio de rua e 14%, shoppings centers. Outros 24% disseram que estiveram em salões de beleza e 21% foram a bares, restaurantes ou lanchonetes.

Essa preferência por comércio de rua é reflexo do retorno à normalidade, ao menos parcial. De acordo com a Cielo, 95% dos estabelecimentos que utilizam suas maquininhas já voltaram a funcionar.

Quais são as outras fases? As pessoas passaram pelas fases do medo e da desconfiança. “Elas foram tão bombardeadas por informações descontroladas sobre o que podiam e não podiam fazer que passaram a desconfiar de tudo. Nunca se confiou tão pouco nas instituições e nas empresas. Elas não acreditam que empresas e instituições estão seguindo os protocolos que afirmam seguir.”

Como recuperar essa confiança? Isso não se dará da noite para o dia, segundo Reis. “Pode levar anos. As empresas precisam ser muito transparentes em todas suas ações para recuperar a confiança perdida durante a pandemia.”