Fundação Padre Anchieta

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O número de empresas que promovem programas de inclusão étnico-racial é cada vez maior. A abertura de vagas de trainee exclusivas para pessoas negras na rede de lojas Magazine Luiza, divulgada na última semana, reacendeu a discussão sobre racismo e a falta de negros em cargos de liderança.

Na empresa, 56% dos funcionários são negros, mas apenas 16% ocupam cargos de chefia, dados que motivaram a iniciativa. Contudo, a decisão provocou reações polarizadas. A juíza do Trabalho Ana Luiza Fischer Teixeira de Souza Mendonça classificou o programa como uma 'discriminação inadmissível'. Em nota, a rede varejista declarou estar convencida da legalidade do processo.

"Ela não fere a Constituição porque é justamente a Constituição que determina que ações dessa natureza sejam implementadas todas as vezes que houver uma marginalização, uma exclusão de minorias", diz o reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, José Vicente.

Recentemente, a multinacional Bayer também anunciou que, pela primeira vez, o programa de trainee terá foco na inclusão de profissionais negros. "Nós temos uma representatividade menor do que a sociedade tem. É nesse sentido que nós estamos atuando. Para trazer novas perspectivas para a nossa organização, novas experiências de vida", explica a líder de recursos humanos da Bayer Brasil, Elisabete Rello, sobre a iniciativa.

Representando 54,9% da força de trabalho no Brasil, a população negra ocupa apenas 4,7% dos cargos executivos nas 500 maiores empresas do país, de acordo como o Instituto Ethos. Para a fundadora da empresa Gestão Kairós, Liliane Rocha, os números são consequência do processo de escravidão que marcou a história brasileira: "É reflexo de uma história recente, que talvez não tenha sido pensada e projetada para ser mais inclusiva".

Iniciativas são acusadas de 'racismo reverso'

Um dos principais argumentos dos críticos à elaboração de ações que promovam a inclusão de jovens negros por parte de empresas fala em 'racismo reverso'.

De acordo com Adilson Pereira, professor de Direitos Humanos da Universidade Presbiteriana Mackenzie, o conceito de racismo reverso teve início na década de 70, introduzido por um líder da Klu Klux Klan como reação aos grupos negros que se armavam para proteger a comunidade negra dos ataques do movimento. Para Adilson, não existe problemática no processo com jovens negros. "Nós precisamos levar em consideração quais são os propósitos dessa classificação utilizada. Neste caso, nós estamos diante de uma discriminação positiva. O estado utiliza a raça para classificar indivíduos e o uso dessa classificação está relacionado com um interesse estatal legítimo. O estado discrimina negativamente as pessoas quando a polícia prende e assassina sistematicamente pessoas negras", disse em entrevista ao Jornal da Tarde.

O professor também explica o motivo de uma parcela da população reagir de forma negativa à divulgação do programa: "O racismo é um sistema de dominação social que tem como objetivo principal garantir vantagens competitivas para pessoas brancas. Quando pessoas brancas se deparam com uma situação como essa [...] se veem alijadas, embora elas sempre sejam privilegiadas nos processos seletivos [...] Há pessoas que se dizem contrárias a esses processos porque acreditam que todo tipo de seleção deve ter critérios gerais, deve estar baseado na meritocracia. Há indivíduos que são contras essas iniciativas porque não querem ver negros em posição de poder e veem a ascensão de pessoas negras como uma ameaça coletiva ao status de pessoas brancas", completa.

Confira a íntegra da entrevista com Adilson Pereira: