Fundação Padre Anchieta

Custeada por dotações orçamentárias legalmente estabelecidas e recursos próprios obtidos junto à iniciativa privada, a Fundação Padre Anchieta mantém uma emissora de televisão de sinal aberto, a TV Cultura; uma emissora de TV a cabo por assinatura, a TV Rá-Tim-Bum; e duas emissoras de rádio: a Cultura AM e a Cultura FM.

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Rádio

“Entrei em desespero quando veio a ordem do banco de que a gente teria que voltar ao trabalho presencial”, conta a bancária Patricia de Silva Lins, que mora em Interlagos, zona sul de São Paulo. “Eu ia ter que pegar ônibus e metrô para chegar à sede do banco, na Paulista. Moro com a minha mãe e ela é grupo de risco. Não pensei duas vezes: entrei na internet e comprei um carro.”

Patricia não tinha carro havia um ano, usava transporte público e carros de aplicativo. Mas com medo do coronavírus, comprou um Onix 2019, tudo pela internet, sem se deslocar até uma concessionária. Os documentos foram digitalizados e o carro foi entregue na porta da sua casa.

Consumidores que querem evitar exposição ao vírus em transportes coletivos, como ônibus e metrô estão recorrendo a carros usados e também à compra de motos. Isso está aquecendo esse mercado.

Em agosto, as vendas de carros usados foram 10,6% maiores do que em julho, segundo a Fenauto (Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores), entidade que representa o setor de lojistas de veículos multimarcas. Foram 1,264 milhão de unidades contra 1,143 milhão em julho. Já na primeira semana de setembro, esse movimento positivo continuou, com um aumento de 3,98%.

Pesquisa do C6 Bank realizada pelo Datafolha mostra que 40% dos brasileiros aumentaram o uso de transportes alternativos como bicicleta e carro próprio, que antes não era utilizado.

“Em 17 Estados, as vendas de agosto deste ano foram maiores que as do mesmo mês de 2019”, conta Ilídio dos Santos, presidente da Fenauto. Além do medo de contaminação pelo coronavírus, outro fator ajuda no comércio de seminovos: a taxa Selic em 2% ao ano.

“Isso favorece o financiamento do automóvel e também estimula quem está endividado a trocar o carro novo por um mais velhinho, a famosa troca com troco. Muita gente também refinancia o próprio carro para poder abater dívidas”, diz Santos.

Motos também

Os mesmos fatores também ajudaram nas vendas de motos novas, que subiram 12,7% em agosto na comparação com julho, conforme a Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares). Mas a procura por motos também foi ajudada pela impulsionada pela expansão do serviço de entregas. E por pessoas querendo dar uma escapada da quarentena.

“A moto é um meio de deslocamento individual, sem contato com outras pessoas. E por isso acabou se tornando uma forma de escape”, diz Gabriela Sterenberg, responsável pelo marketing da BMW Motorrad no Brasil, a divisão de motos da montadora alemã. “Com a moto, a pessoa pode fazer um bate e volta e escapar um pouco do confinamento, sem correr riscos de contaminação”, explica a executiva.

Tudo pela internet

Tanto as vendas de motos como a de automóveis tiveram a ajuda do online desde que a pandemia começou. “As lojas se adaptaram para poder vender e hoje todo processo pode ser feito aa distancia”, afirma Santos.

Na Localiza Seminovos, por exemplo, 100% das lojas físicas foram fechadas durante a quarentena. “Por isso, mudamos o processo todo para o virtual e somente a entrega do carro é física, na casa do comprador”, afirma Heros Di Jorge, diretor executivo da Localiza Seminovos.

Para ajudar nesse processo de compra online de automóveis, a OLX criou uma ferramenta de vídeo. “O vendedor faz um vídeo do carro e coloca em seu anúncio. Esses vendedores têm 70% mais repostas que os anúncios só com fotos”, conta diretor de operações da OLX Brasil. O site, que tem 2 milhões de novos anúncios postados todo mês, registrou em agosto vendas de carros 29% maiores que em relação à média de janeiro e fevereiro (período pré-pandemia) e de 25% em relação a agosto de 2019. “O carro, que andava meio deixado de lado com a economia compartilhada, agora voltou a ser uma opção. O carro virou uma bolha de proteção”, diz Leite.

Viajar só de carro

Muita gente também tem procurado viajar de carro, mesmo sem ter carro. Nessa hora, a solução é o aluguel de automóveis, que também tem crescido.

Na Localiza, por exemplo, o número de veículos alugados passou de 104 mil em maio para 115 mil em junho (dados mais recentes divulgados pela empresa). O aumento foi tanto que quase se iguala ao de junho do ano passado, quando foram alugados 117 mil veículos. “Temos uma solução pela qual a pessoa pode alugar o carro e nem precisa ir à loja para pegar as chaves. Pelo aplicativo, ela faz a reserva e abre o veículo que está estacionado em determinado lugar, tudo sem contato social”, diz Elvio Lupo, diretor -executivo de aluguel de carros da Localiza. “Também notamos grande aumento nos aluguéis por conta de pessoas que querem usar o carro para trabalhar, para não ter que usar um carro com motorista compartilhado ou transporte coletivo. Isso porque as diárias caíram muito de preço”, afirma.

Segundo a Localiza, há opções por menos de R$ 100.

Será que vai faltar?

Durante a quarentena, a maior parte das montadoras paralisou sua produção. Por isso, há um temor no mercado de que possa haver falta de veículos novos para venda. “A previsão, antes da pandemia, era de uma produção de 3,5 milhões de unidades. Mas as montadoras não vão chegar a 1,8 milhão”, diz Santos, da Fenauto.

A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) diz que a queda acumulada do mercado interno de janeiro até hoje é de quase 35% em relação ao mesmo período do ano passado. Essa ociosidade foi um recorde para a indústria automotiva nacional. Mas a entidade não acredita em falta de produtos, uma vez que a média diária de emplacamentos agora é de 8 mil unidades/dia, bem abaixo das 11 mil/dia de antes da pandemia. O que ocorre é falta de demanda e não de produto. Em nota, a Anfavea destacou que, se há falta momentâneas de alguns modelos mais procurados, isso acontece devido a “ajustes aos protocolos sanitários e de distanciamento”.

Direitos

Quando um carro usado é vendido por uma empresa pela internet, os diritos do consumidor são os mesmos regulamentados pelo artigo 49, do Código de Defesa do Consumidor, segundo Fernando Capez, secretário especial de defesa do consumidor do Estado de São Paulo. “O consumidor, por, por exemplo, devolver o veículo por arrependimento em até sete dias depois da entrega”, afirma. Esse direito, porém, não se aplica se o vendedor foi uma pessoa física que tenha, por exemplo, anunciado o carro pela internet.