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Há uma semana, o dólar estava cotado acima de R$ 5,70, fazendo com que muitos analistas previssem um câmbio mais perto de R$ 6 no final do ano. De lá para cá, a cotação da moeda americana em relação ao real se reduziu com força, registrando fortes perdas por três pregões consecutivos e chegando a alcançar R$ 5,22 na manhã desta segunda (dia 9).

Mas afinal de contas, por que o dólar perdeu tanto valor em um curto espaço de tempo? O 6 Minutos conversou com alguns especialistas para entender essa variação. Veja abaixo os principais fatores e o que esperar daqui para a frente.

Vitória de Biden

Em primeiro lugar, a vitória do democrata Joe Biden nas eleições presidenciais nos Estados Unidos foi encarada pelo mercado como um sinal de estímulos muito mais robustos à maior economia do mundo em um momento de crise.

Nos últimos meses, republicanos e democratas vêm travando uma briga de foice em torno do tamanho dos incentivos necessários.

“Joe Biden é um democrata. Sua vitória é um sinal de que um pacote econômico de estímulo virá polpudo, na casa de trilhões de dólares”, aponta Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus. “As eleições já vinham na expectativa de um grande pacote econômico. Isso injetado na economia, por si só, já desvaloriza o dólar”.

Álvaro Frasson, economista do BTG Digital, avalia que o fato de os democratas não terem garantido o domínio do Congresso ajudou na desvalorização da moeda americana –antes do pleito, a expectativa era de uma “blue wave”, ou seja, uma onda azul democrata dominando os diferentes poderes dos EUA, o que não se confirmou.

“Não foi exatamente a vitória do Biden que fez o dólar cair, e sim a quase certeza de uma maioria republicana no Senado”, afirma. “Um Senado republicano evita que os pacotes de estímulo sejam exagerados, evitando problemas lá na frente”.

Atuação do Banco Central

Outro fator que fez o dólar cair com força na última sexta foram declarações do diretor de política econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, que afirmou que a autoridade monetária deve intervir forte no câmbio neste final de ano.

Em evento do Itaú, ele fez menção ao overhedge dos bancos –um mecanismo de superproteção para as variações cambiais futuras. “O mercado precisa ser espesso, grosso o suficiente para aguentar um fluxo muito grande que vai acontecer no finalzinho do ano, e o Banco Central [está] pensando em alternativas de como não deixar que esse fluxo seja disruptivo”, afirmou o diretor.

Laatus explica que Kanczuk estava falando sobre a previsão de que, até dezembro, os bancos terão que comprar mais dólares no mercado a vista para ajustarem suas posições futuras, o que colocaria ainda mais pressão sobre o câmbio.

“As declarações foram lidas como um sinal de que o BC vai entrar pesado para segurar o dólar. O pensamento do mercado é: se o BC vai entrar vendendo, deixa eu vender antes”.

Vacina efetiva

Na manhã desta segunda, a informação da Pfizer de que sua vacina experimental contra a Covid-19 mostrou ser 90% eficaz na prevenção da doença fez o dólar cair ainda mais.

Ela e sua parceira alemã BioNTech são as primeiras farmacêuticas a anunciarem dados bem-sucedidos de um ensaio clínico em larga escala com uma potencial vacina contra o coronavírus. As empresas disseram que até o momento não encontraram nenhuma preocupação de segurança com a candidata a imunizante e que esperam pedir autorização para uso emergencial da vacina nos Estados Unidos neste mês.

“O mercado viu a chance de uma possibilidade não tão distante de o coronavírus acabar”, explica Laatus.

E daqui para a frente?

As projeções em torno do dólar estão bastante incertas, já que a volatilidade do real em relação à moeda americana em 2020 está entre as maiores do mundo.

“Se as perspectivas para uma vacina evoluírem ainda mais, os mercados internacionais ficarão muito mais comprados em risco, e o fluxo [de dólares para o Brasil] pode ser muito positivo”, avalia Frasson. “Mas se a gente não aprovar o Orçamento do ano que vem, se não avançarmos nos aspectos fiscais, isso pode pegar mal para as agências de rating. Esses são os grandes movimentos, positivo e negativo, com mais risco de acontecer”.

Laatus também reforça as preocupações fiscais como um dos principais desafios à frente.  “Vale lembrar que o mercado sabe fazer conta. Na hora que ver que não mudou nada sobre a vacina, que a fala do BC pode ter sido apenas um alerta, e assim que passarem as questões externas, voltaremos a olhar o cenário interno. As preocupações com a política fiscal voltarão a dominar”.