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Arquivo Pessoal
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O Santuário Elefantes Brasil (SEB) na Chapada dos Guimarães (MT) se prepara para receber Pocha e Guillermina, mãe e filha, no primeiro trimestre de 2021.

As duas são asiáticas e atualmente vivem em Mendoza, na Argentina. Em breve, ambas se juntarão aos cinco elefantes fêmeas que residem neste momento no Santuário.

“Já possuímos a licença para trazê-las, só precisamos realizar alguns ajustes, como a caixa de transporte, a equipe, todo um processo burocrático que não dá para pular”, afirma Daniel Moura, biólogo e diretor do SEB desde 2018.

O SEB é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que resgata elefantes cativos em situação de risco, oferecendo-lhe espaço, condições e cuidados necessários para que se recuperem, física e emocionalmente, dos anos passados em cativeiro.

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Caso tudo saia como planejado, a fêmea Kenya de 32 anos, que vive completamente sozinha em Mendoza, será a próxima resgatada. Além dela, espera-se também que Tamy, Puppi e Kukki sejam transferidos.

Para que isso ocorra é necessário que a organização consiga os investimentos necessários para a construção e desenvolvimento dos quatros habitats.

Cada construção é voltada para uma espécie e o seu gênero. Um deles é para machos africanos, outro para fêmeas africanas, machos asiáticos e fêmeas asiáticas.

Resgate

O projeto de resgate prevê pelo menos de quatro a cinco dias de aclimatação. O elefante precisa desses dias para acomodação na caixa de transporte e isso deve ocorrer no seu próprio ritmo.

Quem cuidará do animal será a atual equipe do local em que ele está e a equipe do Santuário. A intenção é que o processo de reconhecimento com a pessoa que irá acompanhá-lo na viagem também aconteça neste período.

“Fazemos uma transição de tratador para que seja tranquilo, para que a viagem seja o mais rápida possível. O elefante deve se sentir seguro para que minimize o estresse do animal”, relata Moura.

Em entrevista ao site da Cultura, o biólogo diz que o SEB permite ao elefante várias possibilidades em seu dia a dia a partir da autonomia que lhe oferece. Ele pode socializar com outras espécies quando, onde e como quiser, em um espaço grande o suficiente para que possam querer ficar longe ou perto, se alimentarem sozinhos, tomarem banho de chuva e sol.

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Vida anterior

Após anos de isolamento, restrição, desnutrição, abuso, falta de exercícios e cuidados médicos adequados, os animais sofrem um impacto físico e psicológico severo. Há aproximadamente, segundo levantamentos realizados pela equipe do SEB, 36 elefantes em cativeiro na América do Sul, sendo que 21 deles, vivem no Brasil.

Cinco vivem atualmente no Santuário e 16 moram em zoológicos. É possível que óbitos aconteçam antes do resgate porque possuem idade avançada e sequelas de circo. Além disso, os zoológicos não possuem uma estrutura adequada para abrigá-los.

Segundo Daniel, a expectativa de vida é menor do que em vida livre. “A média de mortes em cativeiro no mundo é entre 18 e 20 anos de idade porque eles morrem muito cedo”, afirma.

As sequelas deixadas pela passagem pelo circo são inúmeras, eles são espancados, forçados a realizar números circenses, e tudo isso ocorre na base da violência física e psicológica com muitos anos de exploração.

“A maioria dos animais que vivem em um espaço que não é parecido com o natural não possuem estímulo, ficam frustrados, têm comportamentos que não são naturais. Eles ficam andando de um lado para o outro, em círculos, tentando fugir e sair da situação em que se encontra”, conta.

Adaptação

Ao chegar ao seu novo habitat, o elefante entra diretamente no Centro Veterinário para que seja recebido com vegetações, alimentação adequada, uma pilha grande de terra e baldes de água.

A adaptação e a nova vida iniciam a partir desse momento. Tudo o que é feito vem a partir de suas próprias escolhas e ritmo. “Nesse processo dos primeiros dias iremos ver como ele se comporta, se está muito cansado, tranquilo, se já quer ir para o recinto pequeno”, esclarece Daniel.

Segundo o biólogo, o recinto em que eles vivem é totalmente dinâmico e permite diversas interações entre a manada, desde uma pequena aproximação até um contato maior.

O comportamento dos animais é muito semelhante ao dos humanos. “Pode ser amor à primeira vista, a longo prazo, pode ser amizade, ou tolerável”, afirma sobre o contato e convívio.

Após a chegada, a equipe inicia um treinamento de condicionamento positivo para que eles permitam que os toquem, através de sua pata, tromba, e posteriormente, pelo corpo todo.

“A Bambi ainda está em treinamento e ela chegou há dois meses. É algo que varia de elefante para elefante”, exemplifica.

Em 26 de setembro a indiana Bambi, que vivia no Bosque e Zoológico Municipal Dr. Fábio Barreto, em Ribeirão Preto (SP), chegou ao seu novo lar. A cada dia mais se torna mais adaptada a sua nova vida, assim como espera-se que ocorra com os próximos.