Fundação Padre Anchieta

Custeada por dotações orçamentárias legalmente estabelecidas e recursos próprios obtidos junto à iniciativa privada, a Fundação Padre Anchieta mantém uma emissora de televisão de sinal aberto, a TV Cultura; uma emissora de TV a cabo por assinatura, a TV Rá-Tim-Bum; e duas emissoras de rádio: a Cultura AM e a Cultura FM.

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Rádio

As paredes e divisórias entre os ambientes vinham sendo gradualmente eliminadas nos escritórios. Novos projetos previam áreas abertas e integradas, para permitir o contato visual permanente e tornar as pessoas mais acessíveis e próximas.

A queda das paredes fazia parte da chamada “política de portas abertas”. Nas corporações mais avançadas, todos os funcionários – incluindo diretores – já tinham até perdido o direito a um lugar fixo. Quem chegava com seu notebook tinha que escolher um dos lugares disponíveis em bancadas coletivas.

Até que chegou a pandemia da covid-19 para reverter essa tendência. Nos escritórios, as paredes e divisórias se tornaram importantes como barreiras físicas para a circulação do vírus. Também voltaram a ser bem-vindas nas residências, para dar a privacidade necessária ao exercício do trabalho remoto e do estudo online.

Mudanças definitivas

Em junho, quando lançou o seu guia do retorno ao trabalho em meio à pandemia, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) defendeu a necessidade de evitar ao máximo a interação física entre os trabalhadores ou dos trabalhadores com clientes e fornecedores.

Nos casos em que não seria possível manter o trabalho remoto, é preciso estabelecer um distanciamento físico de pelo menos dois metros entre as estações de trabalho. Qualquer interação em distância menor que essa precisaria ser intermediada pela instalação de barreiras físicas, como placas de acrílico.

Já o guia do retorno ao trabalho lançado pela Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea), direcionado aos afiliados, estabeleceu a necessidade de uma distância mínima de 150 cm, mas com o cuidado adicional de mudanças geométricas para evitar que as pessoas fiquem de frente uma para as outras nas estações de trabalho. Nas situações em que não seria possível manter essa distância mínima, seria fundamental a instalação de barreiras físicas.

Não se sabe ainda por quanto tempo essas medidas serão necessárias – além do mais, há o risco de que tenham que voltar a ser adotadas em caso de nova pandemia. Diante disso, as adaptações até agora feitas no improviso devem influenciar a arquitetura corporativa e residencial, sendo em grande parte incorporadas como definitivas.

Novas estratégias

Considerando-se o cenário, a reversão dos ambientes abertos parece ser parte de uma revolução ainda mais ampla: a ressignificação do papel do escritório. Em um mundo onde os funcionários produzem muito mais quando trabalham em casa, o escritório à moda antiga, com baias ou posições de trabalho individuais, não será mais necessário”, prevê Eduardo Hupfer, gerente de Produtos da Connekt, plataforma inteligente de recrutamento.

Essa tendência foi identificada também numa pesquisa da Workana, plataforma que conecta freelancers a empresas na América Latina. A pesquisa pedia a gestores que apontassem aquela que consideravam a principal tendência do trabalho no pós-pandemia, entre sete alternativas. Quase um quarto dos entrevistados apontou a redução dos escritórios (10,1% das respostas) ou a eliminação dos escritórios (13,7%). (Veja os resultados no final deste texto).

Como ninguém mais duvida que a ampliação do trabalho remoto veio para ficar, muito do que foi feito sob a pressão da pandemia também deverá se tornar uma estrutura permanente dentro das residências.

A tendência dos apartamentos supercompactos nas grandes cidades começa a ser revertida. Esses locais eram pensados para pessoas que passavam o dia inteiro fora de casa, retornando apenas para dormir. Com a pandemia, a casa virou também o local de trabalho.

Os arquitetos já estão quebrando a cabeça para criar estratégias mais inteligentes de aproveitamento de espaços. Um exemplo: por que os salões de festas dos prédios, que normalmente ficam vazios e fechados de segunda a sexta, não podem se transformar em coworking durante o horário comercial?

Habitações podres

A influência da saúde pública nas construções e no urbanismo não é novidade. A célebre Carta de Atenas, publicada em 1933 – manifesto resultante do 4º Congresso Internacional de Arquitetura Moderna, realizado naquele ano na capital grega –, chamou a atenção para a necessidade de conciliar a crescente verticalização com espaços vazios. Esses espaços deveriam ser destinados a praças e áreas verdes, que assegurassem a ventilação e a iluminação natural essenciais para manter a saúde da população.

“Condenar-se-ia um açougueiro que vendesse carne podre, mas a legislação permite impor habitações podres às populações pobres. Para o enriquecimento de alguns egoístas, tolera-se que uma mortalidade assustadora e todo tipo de doenças façam pesar sobre a coletividade uma carga esmagadora”, diz um dos trechos mais marcantes do manifesto.

Num mundo que vinha sendo assolado por epidemias de gripe, cólera e tuberculose, o documento (que teve o arquiteto e urbanista Le Corbusier como redator final) tornou-se um marco de uma nova forma de pensar o desenvolvimento das cidades. Fortemente influenciado por essa visão, o Modernismo foi marcado por espaços amplos e projetos que buscavam evitar a concentração populacional – ou seja, tudo para manter as pessoas o mais distante possível uma das outras. Brasília é um dos símbolos dessa visão.

Pesquisa Workana

Qual a principal tendência do mundo do trabalho no pós-pandemia?

19,1% – Mais reuniões e eventos importante sendo realizados online
19% – As modalidades de contratação serão mais variadas
16,1% – Serão contratadas mais pessoas localizadas geograficamente distantes
13,7% – Não haverá mais escritórios
13,1% – Haverá redução nas viagens de trabalho
10,1% – Os escritórios serão reduzidos
8,9% – Os espaços de home office serão melhor equipados

Fonte: Relatório Workana 2020 (pesquisa com 2.810 gestores na América Latina)