Em meio ao caos do sistema de saúde, o Ministério Público de Rondônia abriu uma investigação para apurar uma suposta fraude do governo nos relatórios de leitos de UTIs para pacientes infectados pela Covid-19. Segundo a denúncia, a gestão atual escondeu o real número de vagas de UTI para evitar o decreto de medidas mais rígidas de isolamento social. Pelas regras do estado, quanto maior a taxa de ocupação, menor a quantidade de segmentos comerciais autorizados a funcionar.
O documento do Ministério Público aponta que no dia 20 de janeiro de 2021, o relatório do governo indicava 14 vagas disponíveis. No entanto, poucas horas após a divulgação, 39 pacientes aguardavam na fila por um leito.
A situação em Rondônia é crítica, porque a taxa de ocupação estadual é de 96%, e pelo menos 27 pacientes aguardam hoje por uma vaga na Unidade de tratamento intensivo.
O estado chegou a pedir ajuda ao governo federal e desde a última segunda (26) começou a transferir pacientes para outros estados. 13 pessoas foram levadas para Curitiba, no Paraná, num avião da FAB. Em Mato Grosso, dez leitos foram disponibilizados.
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No hospital regional da cidade de Cacoal, cidade localizada a 480 Km da capital Porto Velho, todos os 47 leitos estão ocupados. A unidade é responsável pelo atendimento médico de moradores de 34 municípios. Cerca de 800 mil pessoas dependem do sistema de saúde.
De acordo com Jair Rocha, diretor do complexo hospitalar de regional de Cacoal, “a saúde de Rondônia com relação ao novo coronavírus entrou mesmo em colapso.”
“Hoje a gente não tem leito de UTI disponível no estado, de enfermaria também não. Os que vagam são por pacientes que tem alta ou óbito e quando vaga um leito, tem hoje, a média de cinco, seis pacientes já na fila de regulação aguardando para entrar nesses leitos”, relata.
Em nota, o governo estadual afirmou que os relatórios epidemiológicos com o número de leitos retratam a realidade, a dinâmica do momento e podem variar durante o mesmo dia, e até hora de acordo com a internação, alta e óbito de pacientes.
Ainda segundo o governo, a eventual variação da taxa de ocupação dentro do mesmo dia não tem potencial para interferir diretamente na reclassificação das fases dos municípios, e que tal situação pode ter sido falha de interpretação por falta de conhecimento técnico-científico, gerando uma ação precipitada e isolada de um único membro do Ministério Público do estado.
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