Fundação Padre Anchieta

Custeada por dotações orçamentárias legalmente estabelecidas e recursos próprios obtidos junto à iniciativa privada, a Fundação Padre Anchieta mantém uma emissora de televisão de sinal aberto, a TV Cultura; uma emissora de TV a cabo por assinatura, a TV Rá-Tim-Bum; e duas emissoras de rádio: a Cultura AM e a Cultura FM.

CENTRO PAULISTA DE RÁDIO E TV EDUCATIVAS

Rua Cenno Sbrighi, 378 - Caixa Postal 66.028 CEP 05036-900
São Paulo/SP - Tel: (11) 2182.3000

Televisão

Rádio

Pixabay
Pixabay

Ao longo dos anos, as crianças e adolescentes têm se tornado cada vez mais conectadas a tecnologia. Com a chegada da pandemia, esse fato se intensificou de uma forma mais rápida e intensa.

Segundo dados da pesquisa TIC Kids Online Brasil 2019, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), antes da chegada da Covid-19, 89% da população entre 9 e 17 anos era usuária de internet no Brasil. Essa proporção equivale a cerca de 24 milhões de crianças e adolescentes.

Embora tenham sido observados avanços em relação à conectividade, a exclusão digital ainda persiste. As proporções de usuários da rede foram menores nas áreas rurais (75%), regiões Norte (79%) e Nordeste (79%), e nas classes D e E (80%).

Para Arthur Igreja, especialista em tecnologia, as crianças estão passando por uma transformação tremendamente profunda durante a pandemia do novo coronavírus. “Talvez essa seja a maior transformação na vida delas com relação a entretenimento. Ao invés das crianças brincarem em um parque ou nas escolas, estão precisando buscar outras formas de divertimento em casa”.

“É uma geração que vai ser única, que vai passar por isso e ficará marcada. Eu entendo que terão alguns efeitos em seu aprendizado e uma desigualdade enorme”, pontua em entrevista ao site da TV Cultura.

Arquivo Pessoal / Foto: Victor Hoffmann
Arquivo Pessoal / Foto: Victor Hoffmann

Segundo Igreja, não há como definir uma idade ideal para que o uso seja permitido, é algo que depende da conversa dos pais e educadores junto com o nível de maturidade, para que se conceda cada vez mais de forma consciente. “Existe idade mínima para dirigir, comprar cigarro e bebida, e não existe idade mínima para usar a tecnologia. O que estamos aprendendo é que os efeitos podem ser tão viciantes quanto os outros”, expõe.

Riscos e danos

Ainda segundo a pesquisa, as evidências demonstram diferenças nas proporções de meninas (31%) e meninos (24%) que reportaram terem sido tratados de forma ofensiva e que declararam ter testemunhado situações de discriminação na rede (48% entre meninas e 39% entre meninos).

Quando questionados sobre os motivos pelos quais viram alguém ser discriminado, 33% das meninas se referiram à cor ou raça e 26% à aparência física. As proporções entre os meninos foram de 20% e 15%, respectivamente.

“A internet é maravilhosa, mas também tem seu lado cruel. É dever dos pais acompanhar tudo que um filho, até mesmo de 12 a 13 anos faz. Por isso é importante o diálogo, estarem juntos e jogarem juntos. Isso que vai protegê-los de mentes criminosas e perversas”, explica a Drª Luci Pfeiffer, pediatra, psicanalista e integrante da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Em entrevista ao site da TV Cultura, ela defende que a questão de muitos pais e responsáveis não terem grandes conhecimentos e habilidades sobre a tecnologia, não os impede de impor algumas regras, supervisionar, ver o histórico do que foi navegado, entre muitas outras coisas que podem ser feitas para proteger quem amam.

Arquivo Pessoal


Ela ainda defende que eles devem se lembrar de controlar o seu uso, porque as crianças se espelham nos adultos que estão a sua volta. “Não adianta um pai chamar a atenção do seu filho sobre o uso de celular e reclamar por ele estar sempre sozinho no quarto, enquanto faz refeições utilizando o celular”, alerta Luci.

“Eles não estão dando apenas um mal exemplo, mas também deixam de dar a atenção devida”, complementa.

Mediação

Em relação a estratégias de orientações para o uso da Internet, 77% das crianças ou adolescentes têm pais ou responsáveis que declaram ensinar jeitos de usar a internet com segurança, 57% que sentam junto enquanto seu filho ou filha utiliza a Internet, conversando ou participando do que estava fazendo e 55% que ajudam a fazer alguma coisa.

Considerando medidas de verificação, 55%  têm pais que verificam os amigos ou contatos adicionados às suas redes, 51% que analisam os seus e-mails, 50% o histórico de registro dos sites visitados e 48% suas redes sociais.

Arthur alerta que nos últimos anos têm sido destacado os malefícios que o uso da tecnologia pode causar, entretanto, existem incontáveis possibilidades e conteúdos interativos que ela pode proporcionar.

Leia também: Pandemia foi "lente de aumento" para casos de depressão, afirma psicóloga

Entre os pontos positivos, ele destaca a resiliência, disciplina e adaptação digital, por serem crianças que terão que se autodesenvolver, além de estar ambientada a relações à distância e ao mundo tecnológico.

Já entre os aspectos negativos, expõe a perda de socialização e empatia, ocasionadas pela distância, já que se convive com menos diversidade. “O excesso de tecnologia nem de longe é só coisa boa, todo esse vício e dependência, passar inúmeras horas por dia online, não são coisas boas”, defende Arthur.

Indicações

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), recomenda diversas ações para se ter um acesso mais saudável das redes, entres elas, destacam-se:

Evitar a exposição de crianças menores de 2 anos às telas, mesmo que passivamente;

Limitar o tempo de telas ao máximo de uma hora por dia, sempre com supervisão para crianças com idades entre 2 e 5 anos;

Crianças entre 6 e 10 anos devem ter um tempo máximo de telas de uma ou duas horas por dia, sempre com supervisão;

Adolescentes entre 11 e 18 anos limitar o tempo de telas e jogos de videogames a duas ou três horas por dia, sempre com supervisão e não permitir que “virem a noite” jogando;

Para todas as idades: nada de telas durante as refeições e desconectar uma a duas horas antes de dormir;

Oferecer como alternativas: atividades esportivas, exercícios ao ar livre ou em contato direto com a natureza, sempre com supervisão responsável;

Criar regras saudáveis para o uso de equipamentos e aplicativos digitais, além das regras de segurança, senhas e filtros apropriados para toda família, incluindo momentos de desconexão e mais convivência familiar;

Encontros com desconhecidos online ou off-line devem ser evitados; saber com quem e onde seu filho está, e o que está jogando ou sobre conteúdos de risco transmitidos (mensagens, vídeos ou webcam), é responsabilidade legal dos pais/cuidadores;

Conteúdos ou vídeos com teor de violência, abusos, exploração sexual, nudez, pornografia ou produções inadequadas e danosas ao desenvolvimento cerebral e mental de crianças e adolescentes, postados por cyber criminosos devem ser denunciados e retirados pelas empresas de entretenimento ou publicidade responsáveis.