Fundação Padre Anchieta

Custeada por dotações orçamentárias legalmente estabelecidas e recursos próprios obtidos junto à iniciativa privada, a Fundação Padre Anchieta mantém uma emissora de televisão de sinal aberto, a TV Cultura; uma emissora de TV a cabo por assinatura, a TV Rá-Tim-Bum; e duas emissoras de rádio: a Cultura AM e a Cultura FM.

CENTRO PAULISTA DE RÁDIO E TV EDUCATIVAS

Rua Cenno Sbrighi, 378 - Caixa Postal 66.028 CEP 05036-900
São Paulo/SP - Tel: (11) 2182.3000

Televisão

Rádio

Pexels
Pexels

A pandemia da Covid-19 impactou todos os setores da sociedade e, por lidar com as mudanças impostas pelo novo coronavírus, as pessoas se viram em situações que têm efeito direto na saúde mental. Dessa forma, é natural e cada vez mais necessário que se recorra à ajuda profissional de um psicólogo.

A procura por terapia cresceu consideravelmente nesse período pandêmico. Pensando nisso, como será que o profissional que cuida da saúde mental dos outros, está cuidando da saúde mental dele? Para esclarecer o assunto, o site da TV Cultura entrevistou alguns especialistas na área.

A psicóloga clínica e hospitalar associada à Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP), Renata Gorayeb cita cinco fatores que levam à desestabilização psicossocial decorrente da pandemia.

1- Confinamento;

2- Adoecimento físico de algum membro da família e muitas vezes o luto repentino de um membro considerado saudável até então;

3- Excesso de convivência intrafamiliar, contrapondo com a escassez de outros convívios, que leva à exaustão dos relacionamentos;

4- Privação de interações saudáveis entre crianças e adolescentes, que dificulta a aprendizagem;

5- Por fim, uma situação inédita, e inesperada, para a qual a humanidade não estava preparada, que alterou conceitos de autopreservação, de convivência, de recursos materiais e disponibilidade financeira.

Todos esses fatores impactam a saúde mental das pessoas, o que as levam a procurarem ajuda. Sobre a alta da procura por terapia, Ana Gabriela Andrianipsicóloga e doutora pela Unicamp, conta que sentiu esse aumento, tanto no meio presencial, como online. “Em meu consultório, senti um crescimento de 30% no número de pacientes. Por meio de vídeo especificamente, eu só atendia quem já foi um dia meu paciente presencial e mudou de estado ou país. Atualmente, atendo 70% por vídeo e 30% no presencial”.

Ela afirma que está trabalhando mais agora do que antes. “Precisei disponibilizar alguns horários que não tinha ou utilizava para descanso e atividades pessoais”.

Para Ana, um dos grandes desafios da clínica é lidar com a mudança de setting. “O paciente deixa de vir ao consultório e nós passamos a frequentar a sua casa, de uma forma muito íntima e que não acontecia antes. Percebemos, inclusive, questões que são vividas nas relações familiares, ou seja, ficamos muito mais próximos, mais íntimos dele”.

Questionada sobre os assuntos que os pacientes levam, a psicóloga diz que são muito influenciados pela pandemia. “As questões que os pacientes estão trazendo para mim atualmente são bastante densas e demandantes: muita sensação de tristeza, medo, casos de doença e até de morte de alguém próximo. Além disso, estamos nos deparando na clínica com um aumento de casos de pânico e ansiedade em decorrência do que estamos vivendo socialmente".

O presidente da Associação Brasileira de Psicodrama e Sociodrama (ABPS), Lúcio Ferracini afirma que os psicólogos estão muito suscetíveis a desenvolverem a síndrome de burnout, pela carga excessiva de trabalho e pelo sofrimento intenso dos pacientes, e comenta que isso está longe de acabar.

"Diante desse cenário, eu vejo que ainda é muito longo e doloroso o que nós temos pelo frente, porque a gente tem que viver as perdas que são inerentes e as que poderiam ser evitadas, então haja saúde mental", diz Lúcio.

Para evitar essa situação, ele dá algumas dicas do que os psicólogos podem fazer. “É importante que haja um intervalo entre um atendimento e outro para recuperação do profissional. Neste momento eu escuto uma música, tomo um chá". 

Lúcio também sugere estar em contato com as pessoas de que gosta, seja de forma presencial ou online, respeitar o tempo de sono e procurar, na medida do possível, separar os ambientes de trabalho e social dentro de casa. "Durante um tempo, o meu computador de atendimento ficava no meu quarto e isso não dá. Meu quarto é para outras atividades de caráter pessoal, então meu computador não fica nesse local mais", completa.

“Esses são alguns caminhos do que é possível fazer hoje, visando preservar a saúde mental”, finaliza o especialista.

Ana Gabriela conta que não chegou ao ponto de desenvolver síndrome de burnout ou outras doenças, mas que isso só é possível por estar suportada por análise pessoal e supervisão. “Na análise pessoal cuido de como estou me sentindo e na supervisão tenho um lugar para pensar teórica e metodologicamente sobre o que está se passando em meus casos”. E completa “é o psicólogo ter e investir nestes dois lugares de suporte que dá a ele condições emocionais de enfrentar e lidar com situações de crise”.