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Na última semana, a dieta da empresária e influenciadora digital Mayra Cardi causou polêmica nas redes sociais. Ela praticou um jejum de sete dias apenas à base de água. Mayra sofreu críticas por divulgar um método de hábito alimentar considerado extremo por alguns. Por outro lado, algumas pessoas incentivaram e parabenizaram a meta alcançada.

Para entender melhor quais são os efeitos positivos e negativos desta prática, além das maneiras mais seguras de se fazê-la, o site da TV Cultura conversou com profissionais da área.

Segundo Eduardo Corassa, nutricionista de Mayra Cardi e autor do livro “O jejum higienista: A cirurgia da natureza”, apesar de não existirem muitas publicações científicas e evidências concretas sobre o assunto, algumas organizações como o TrueNorth Health Center, na Califórnia (EUA) e periódicos como o BMC Complementary and Alternative Medicine atribuem efeitos adversos mínimos e moderados a esse período de restrição alimentar, além de oferecer à pessoa benefícios contra doenças autoimunes, neurológicas, cardiovasculares, e diabetes.

Corassa também chama atenção para resultados positivos do jejum na redução de inflamações no corpo, estresse oxidativo, fatores neurológicos e melhorias no combate ao câncer.

Segundo ele, “as células cancerígenas ficariam mais sensíveis a serem mortas pela quimioterapia e as células normais ligariam mecanismos de resistência ao estresse, ou seja, se tornariam mais resistentes”, comenta.

Jejuns de sete, 20 ou até 40 dias fazem parte da cultura higienista, doutrina que, dentre outras coisas, se baseia nas necessidades biológicas do corpo humano e o consumo de produtos da natureza para produzir um estilo de vida mais saudável. “O que nós higienistas defendemos? Nós acreditamos que saúde é produzida por vida saudável”, diz.

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Apesar de ser adepto da prática de jejuns por até mais de 20 dias, Corassa afirma que, enquanto nutricionista, não recomenda o jejum nos moldes higienistas por causa da falta de dados clínicos sobre o tema. “Minha perspectiva empírica, pessoal, é muito diferente da minha perspectiva como nutricionista. Se eu disser que não há nenhum risco no jejum, eu sofro complicações e posso ser processado”, declara.

Para a nutricionista Danielle Vitali, jejuns podem ser aliados à busca por um estilo de vida mais saudável, no entanto, ela afirma não recomendar períodos longos de restrição alimentar como os de sete dias ou mais. Segundo ela, “não temos muitos estudos de peso falando sobre benefícios de dias contínuos de jejum”.

Jejum Intermitente

Um dos estilos de jejum mais recomendados hoje em dia é o jejum intermitente. Nele, o paciente tem intervalos definidos para se alimentar e ficar sem comida. Por exemplo, em um jejum de 12h, o paciente pode se alimentar em um período de metade do dia e jejuar na outra metade. Como explica a doutora Danielle, geralmente, pode se estabelecer um jejum de 12h por dia, depois evoluir para 14h, 16h. Jejuns maiores de 18, 24 e 36 horas devem ser feitos com acompanhamento médico.

É de praxe o profissional nutricional avaliar o desempenho individual de cada paciente durante a prática da restrição, para garantir a saúde da pessoa.

Dieta e Jejum

Jejuar de forma intermitente só traz efeitos benéficos quando acompanhado de uma alimentação saudável. Como explica a também nutricionista Renata Giudice. “O jejum só apresenta benefícios quando faz parte de uma dieta de alimentação baseada em comida de verdade, sem alimentos ultraprocessados e com uma menor quantidade de carboidratos geralmente consumida pelas pessoas”, diz.

Uma dieta que pode ser apropriada durante a prática da restrição é a low carb. Esse tipo de dieta é baseada na diminuição do consumo de carboidratos (pães, bolachas, massas, açúcares, etc) e foco na ingestão de carnes e vegetais. Renata explica que, “ao se alimentar desse jeito, você consome em torno de 50 a 70 gramas de carboidratos por dia, valor bem inferior ao recomendado pelas diretrizes tradicionais. Nessa abordagem, existe uma distribuição diferente nos percentuais de macro nutrientes. O objetivo disso é ensinar o corpo a captar a gordura dos estoques e converter em energia. Isso gera um emagrecimento sustentáveldiminuição da gordura no fígado e melhor controle glicêmico”.

Benefícios

Segundo os especialistas ouvidos na matéria, quando bem feito e realizado dentro dos parâmetros médicos estabelecidos, o jejum pode trazer bons efeitos à saúde corporal. São eles: aumento de longevidade, melhora da taxa metabólica basal (quantidade de energia que o corpo gasta para sobreviver), produção de energia, redução da insulina circulante (hormônio que em excesso causa síndrome metabólica, obesidade e diabetes), além de regular o ciclo circadiano, o relógio biológico natural do ser humano e o ritmo de alimentação diária. Se aliado à uma alimentação balanceada, jejuar pode emagrecer sem muitos perigos.

Os riscos de um jejum mal feito

Em relação aos riscos e prejuízos à saúde, os nutricionistas afirma que um jejum mal feito e sem supervisão pode causar queda na imunidade (perigosa em tempos de pandemia), problemas intestinais e hipotensão arterial, que pode ocasionar tonturas e desmaios.

O corpo pode apresentar problemas com os eletrólitos (minerais essenciais encontrados no sangue) durante o processo e evoluir para uma arritmia ou até uma parada cardíaca.

Outro perigo é a pessoa desenvolver transtornos alimentares como bulimia ou anorexia. Por isso é tão importante a realização do jejum com um acompanhamento profissional apropriado.