Fundação Padre Anchieta

Custeada por dotações orçamentárias legalmente estabelecidas e recursos próprios obtidos junto à iniciativa privada, a Fundação Padre Anchieta mantém uma emissora de televisão de sinal aberto, a TV Cultura; uma emissora de TV a cabo por assinatura, a TV Rá-Tim-Bum; e duas emissoras de rádio: a Cultura AM e a Cultura FM.

CENTRO PAULISTA DE RÁDIO E TV EDUCATIVAS

Rua Cenno Sbrighi, 378 - Caixa Postal 66.028 CEP 05036-900
São Paulo/SP - Tel: (11) 2182.3000

Televisão

Rádio

Trabalhar até as 2h da manhã e já voltar para a labuta antes mesmo do horário de almoço. Pode parecer o dia a dia de um plantonista médico, mas essa é a rotina de uma atleta de e-sports.

Stephanie Teca Santos vive em São Paulo, tem 24 anos, e faz parte da equipe Future FC, do time dinamarquês Astralis. Pioneira no Fifa, ela foi a primeira brasileira contratada para o profissional da categoria e conquistou o mundial de eFootball feminino em 2019.

De onde surgiu o interesse pela carreira? O gosto da paulistana pelo esporte vem de berço. Com uma mãe torcedora apaixonada pelo Corinthians, ela acompanhava os jogos do time e se divertia em partidas de futsal na escola. Já a ideia de trazer o hobbie das quadras para as telas surgiu ao observar o irmão, que jogava videogame por horas a fio. “Ele gostava muito de Mario (Bros.), esses jogos de passar de fase.”

Como sua praia sempre foi o futebol, Stephanie resolveu se aventurar pelo Fifa. “No começo eu via lives no YouTube e jogava offline. Depois, comecei a fazer as minhas próprias na Mixer, porque não tinha o videogame que transmitia diretamente para o YouTube”, ela conta.

Quando o hobbie ficou sério? Teca publicou seu primeiro vídeo no YouTube em 2017 e foi pouco a pouco investindo na construção de uma comunidade. Sua mãe e o padrasto perceberam que o interesse era grande e resolveram ajudar na compra de um PlayStation, console compatível com a plataforma.

“Foi na cara e na coragem. Eu não tinha câmera nem microfone, era só o videogame mesmo. O pessoal comentava e eu respondia por mensagem”, relembra Teca. Ela, então, passou a fazer transmissões com mais frequência. Depois, com o apoio dos próprios seguidores, pôde comprar um computador mais potente, uma câmera e microfones.

Como foi o salto para o profissional? “Bem inesperado. Eu estava terminando a faculdade de Comércio Exterior e tinha acabado de ser indicada para trabalhar em uma empresa de importação e exportação. Quando ia ser efetivada, recebi a proposta de uma agência de atletas da Alemanha e eles me passaram o convite da Astralis”.

Mesmo com uma perspectiva incerta de retorno, Teca contou com o apoio da família e decidiu trocar o emprego fixo pela carreira de gamer. “Eu não sabia muito bem como o mundo dos games funcionava, mas fiquei muito feliz, porque era o reconhecimento de um trabalho que eu já fazia há um tempo. Hoje, posso dizer que fiz a escolha certa”.

O que mudou na rotina? Depois de assinar com a Astralis, Teca viajou para a Dinamarca, conheceu seus companheiros de equipe e começou o treinamento para competições.

Desde então, ela conta com a ajuda de um coach que determina quais devem ser suas práticas diárias como atleta. Os treinos costumam ser divididos em dois turnos, um na parte da manhã e outro no fim da tarde. “Eu fico bastante tempo no jogo. É imersão total, inclusive sábado e domingo, mas eu posso construir o meu horário. Essa é a vantagem do home office.”

Sem jornada fixa de trabalho, Teca tem seu desempenho medido por metas. Atualmente, a principal delas é marcar 27 vitórias no torneio semanal de Figa, a Week League. O número de conquistas coloca os competidores no top 100 do planeta e garante a classificação para o Global Series, circuito competitivo do game. “É bem difícil, porque tem muita gente boa no Brasil. Eu iniciei há pouco tempo como atleta, sou mais experiente no streaming, então é passo a passo”, explica a gamer.

Quanto à remuneração, a jogadora revela que já consegue cobrir todos os seus gastos com o salário que recebe mensalmente do time dinamarquês.

Como foi competir no Mundial Feminino? Em 2019, Teca se tornou a 1ª campeã mundial de eFootball feminino. Para a atleta, a preparação psicológica foi essencial para manter a calma e conquistar a vitória. “É engraçado, porque ganhei todas as partidas, mas na final já comecei perdendo de 2 a 0. Precisei reverter o placar para ser campeã”.

Por que continua com as lives? Mesmo com a carreira profissional e a rotina de treinos, a gamer segue fazendo lives todas as noites. “Jogar profissionalmente é mais uma questão técnica de conseguir controlar o jogo, saber o que fazer e como. A live é para ser você mesmo. As pessoas te apoiam quando se identificam com a sua postura. Não tem preço abrir o chat, no meio dessa pandemia, e ler: ‘Teca, estava tendo um dia ruim, mas com a live consegui me divertir’.”

A comunidade da jogadora não está mais no YouTube. Agora, as transmissões foram para a Twitch, plataforma especializada no streaming de jogos. Elas acontecem todos os dias às 20h15 e chegam a ir até 1h ou 2h da manhã. A junção do melhor dos dois mundos — com competições e interação com o público — é, segundo Teca, muito bem-vinda pela equipe da Astralis, já que as lives são uma exposição diária para a marca.

Qual conselho daria para quem sonha com sua profissão? Para quem pretende seguir seus passos e iniciar a carreira pelo streaming, Teca deixa sua maior dica: “o importante é sempre tratar bem as pessoas e conversar. Não acho legal quem joga sem dar atenção para quem está assistindo. A pessoa que participa de uma live quer se sentir vista”.