Um estudo realizado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP aponta que os critérios adotados na vacinação contra a Covid-19 provocam uma imunização desigual entre ricos e pobres.
De acordo com a pesquisa, isso ajuda a explicar a ocorrência de três vezes mais mortes a cada 10 mil habitantes na periferia do que em bairros nobres da capital paulista. O plano nacional de imunização deu prioridade aos idosos e organizou a distribuição de doses por faixas etárias.
O mapeamento realizado pelos pesquisadores mostrou que a população da periferia tem menos idosos, mais jovens e é onde vive a classe trabalhadora com a menor renda.
“O critério de saída beneficia a população branca e moradora das regiões mais nobres, além de ser socialmente e territorialmente demarcada, a expectativa de vida é racialmente demarcada no Brasil”, destaca a coordenadora do estudo Gisele Brito.
Ela ainda afirma que a escolha de grupos prioritários de vacinação acentuou a desigualdade social. “Esse estudo mostra o mecanismo de como o racismo estrutural se estrutura. A partir de critérios que parecem neutros, mas não são”.
O infectologista e membro do Centro de Contingência da Covid-19 em São Paulo, Marcos Boulos acredita que quanto mais tempo demorar a imunização, mais difícil será conter a pandemia, inclusive as mutações do vírus.
“A vacina é a longo prazo, temos que tomar medidas necessárias para evitar o contato. Estamos próximos outra vez do caos completo do atendimento de saúde do nosso país”, alerta o infectologista.
Assista reportagem completa do Jornal da Tarde:
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