O Pix não era grátis? O novo sistema de pagamentos é isento de tarifas para pessoas físicas. Mas o Banco Central permite que os bancos cobrem as pessoas jurídicas pelos pagamentos e recebimentos instantâneos realizados pelo novo sistema.
Quando estreou, em novembro de 2020, a maioria dos bancos estendeu a isenção de tarifas para as pessoas jurídicas. O Itaú, por exemplo, começou a cobrar pelas transações com Pix em julho. No Santander, a cobrança começou em março. No Banco do Brasil, a tarifação existe desde abril. O Bradesco diz que passa a tarifar o Pix após uma carência inicial de seis meses às empresas.
O CEO da Matera, Carlos Netto, diz que era esperado que essa gratuidade fosse acabar. “Alguma cobrança tem que ter, pois o Pix tem um custo operacional. O banco precisa manter seus servidores funcionando 24 horas por dia, sete dias por semana. Tem o custo com pessoal para atender emergências de madrugada ou no feriado. E tem custo grande de tecnologia.”
Mas não são todos os bancos que estão cobrando para fazer Pix das pessoas jurídicas. No C6 Bank, Caixa Econômica e Inter, por exemplo, o Pix continua sendo gratuito mesmo para os clientes empresarias.
Quanto os bancos estão cobrando de Pix? Nos grandes bancos, há uma tarifa para transferências (valor máximo de cerca de R$ 10) e outra para recebimentos por QR Code. Essa última é bem mais salgada e pode chegar a R$ 150, dependendo do valor transacionado e da instituição.
Procurados, Bradesco, Santander e Itaú Unibanco informaram que as tarifas Pix de pessoas jurídicas variam de acordo com o perfil do cliente, do seu pacote de tarifas, da frequência de transações. E, que dependendo do relacionamento, as transações podem ser gratuitas.
“As demais tarifas [exceto recebimentos via QR Code] variam de acordo com o perfil do cliente e são alinhadas às suas necessidades e frequência de transações realizadas, com possibilidade de isenção atrelada ao volume transacional e relacionamento com o banco”, diz o Itaú.
Veja tabela de julho dos bancos abaixo
Banco | Tarifa de transferência Pix | Tarifa de recebimento via QR Code |
---|---|---|
Bradesco | 1,40% do valor (mín. de R$ 1,65 e máx. de R$ 9) | 1,40% do valor (mín. de R$ 0,90 e máx. de R$ 145) |
Banco do Brasil | 0,99% do valor (mín. de R$ 1 e máx. de R$ 10) | 0,99% do valor (sem mín. e máx. de R$ 140) |
Itaú Unibanco | 1,45% do valor (mín. de R$ 1,75 e máx. de R$ 9,60) | 1,45% do valor (mín. de R$ 1 e máx. de R$ 150)* |
Santander | 1% do valor (mín. de R$ 0,50 e máx. de R$ 10) | R$ 6,54 |
*Itaú informa que ainda não começou a cobrar o Pix QR Code
Esses valores são justos? Netto afirma que não existe motivo para o Pix custar mais que outros meios de pagamento, como Ted, DOC e boletos. “A tarifa do Pix deve ser mais barata que dos meios de pagamentos concorrentes. O Pix custa menos que a Ted e menos que o boleto”, afirma o CEO da Matera.
Segundo ele, o recebimento de Pix por QR Code é muito semelhante ao pagamento com boleto. No caso dos boletos, o custo para as empresas varia de R$ 1 a R$ 2.
Faz sentido a tarifa aumentar de acordo com o valor da transação? Faz. Netto diz que existe o risco da transação aumenta conforme a quantia enviada.
Por que os valores variam tanto? Para o CEO da Matera, o mercado ainda se está ajustando à precificação do Pix. “Alguns players estão cobrando um valor fixo do Pix como era no mundo da Ted e do boleto. O mercado ainda vai se ajustar, porque a concorrência é alta demais.”
Para ele, a própria concorrência vai reduzir o valor das tarifas do Pix. “Existem mais de 700 participantes desse sistema de pagamentos. Se o seu banco está cobrando uma taxa alta demais, é só procurar outro que cobra menos ou te isenta. A concorrência vai obrigar algus bancos a reduzir suas tarifas de Pix.”
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