Há 132 anos a escravidão foi extinta no Brasil com Lei Áurea. De lá para cá, a população negra no País tem sofrido muito para conseguir igualdade de direitos e oportunidades, como os brancos. Nesta epidemia de Covid-19, as diferenças entre as raças se mostram, muitas vezes, mortais.
Ao mesmo tempo em que foram libertos da escravidão, em 1888, os negros se viram condenados à desigualdade. Números do IBGE mostram que, quanto mais pobre é a faixa da população, maior é a porcentagem negra (IBGE 2019). Dos 13,5 milhões de brasileiros vivendo em extrema pobreza, 75% são pretos ou pardos.
Com a pandemia de coronavírus, essa realidade fica ainda mais escancarada: apesar de apenas 13% da população dos Estados Unidos ser composta por negros, eles representam 30% dos pacientes de Covid-19, segundo centros de controle e prevenção de doenças.
No Brasil, o Ministério da Saúde só começou a publicar informações de pessoas infectadas com o recorte de cor/raça em 10 de abril. Um (23,1%) em cada quatro brasileiros hospitalizados com síndrome respiratória aguda grave é preto ou pardo, mas a mortalidade por Covid-19 atinge um em cada três (32,8%). Com os brancos, ocorre o contrário: são 73,9% entre aqueles hospitalizados com Covid-19, mas 64,5% entre os mortos.
Dados divulgados no final de abril pela Secretaria Municipal de Saúde mostram que, na capital paulista, pretos têm 62% mais chance de morrer vítimas da Covid-19. Entre pardos o risco é 23% maior. A taxa de mortalidade para cada 100 mil paulistanos é de 9,6 para brancos, 15,6 para negros e 11,88 para pardos.
Todas essas questões são resultado do racismo estrutural que existe na sociedade. Além de combatê-lo, como raíz do problema, é preciso tomar medidas urgentes para minimizar os impactos negativos da Covid-19 na população negra.
Segundo José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, “a face mais perversa do racismo estrutural no Brasil é justamente essa, porque quando se coloca uma pandemia como a atual percebemos que nessa situação a pandemia tem cor e RG, vai pegar aqueles mais vulneráveis e que não têm os meios e equipamentos para acessar os ambientes de saúde".
Confira a entrevista com José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, e a reportagem sobre as diferenças de raça e as relações com a Covid-19:
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