"Eu só me pronunciei porque era uma oportunidade de atentar o Brasil inteiro para a questão do racismo", afirma Seu Jorge
O cantor foi vaiado em um show em Porto Alegre e chamado de "macaco" por parte da plateia
21/11/2022 23h19
O Roda Viva recebe o cantor, compositor, multi-instrumentista e ator Seu Jorge, nesta segunda-feira (21).
Nascido no Rio de Janeiro em 1970, Seu Jorge ganhou um Grammy Latino, além de ter sido prestigiado no Festival de Berlim após o filme Marighella, dirigido por Wagner Moura. Hoje, trabalha para lançar em 2023 mais um disco.
Em pergunta feita pela apresentadora Vera Magalhães, o cantor fala do episódio de racismo ocorrido em um show em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, no dia 14 de outubro deste ano. Seu Jorge revela seu combate diário, e oportunidade de usar seu destaque para falar sobre o preconceito enfrentado por cerca de 50% dos brasileiros — número equivalente a população negra do país, de acordo com os dados recentes do IBGE.
"Trazendo a segunda parte da pergunta dele [Jefferson Barbosa], quando você enfrenta um episódio de racismo como esse, durante uma apresentação, e você transforma isso em um libelo e em uma luta através daquele vídeo. Como é que foi para você?", questiona a jornalista.
"A questão do racismo no Brasil aparece todo dia. Um dos maiores combates, que é necessário se enfrentar, é contra a mortalidade da população negra. A cada 22 minutos morre um jovem negro. Eu vim de uma área que era assim, de uma comunidade assim, meu irmão aos 16 anos foi morto dessa forma, em 1990", diz o cantor.
"Eu faço show com o fone que tem o molde da minha orelha, e quando eu realmente saio de cena, e que falo do dia 30, que dia 30 é um dia importante. Até ali, o show correu bem. Então eu escutei uma balbúrdia, um burburinho, e que a princípio para mim eram vaias, e faz parte do jogo [...] Eu educadamente agradeci todo mundo e me retirei do lugar. Quem denunciou foi alguém que estava na platéia, e fizeram certo, porque quando você dá de cara com uma covardia, você tem que denunciar", revela o cantor.
"Teve gente que não concordou com o que aconteceu comigo naquele lugar, e eu só me pronunciei porque passaram dois dias, e tinha muita gente saindo em minha defesa. Foi nessa que eu entendi que era uma oportunidade de atentar o Brasil inteiro para a questão do racismo", conclui o músico.
Participam da bancada de entrevistadores Roberta Martinelli, apresentadora do programa Cultura Livre e da Rádio Eldorado, Alberto Pereira Jr., jornalista e head de produção e conteúdo da Trace Brasil, a repórter de Cultura do jornal O Globo Maria Fortuna, a cineasta e colunista da Vogue Brasil Sabrina Fidalgo, e Leonardo Lichote, jornalista e crítico de música.
Com apresentação de Vera Magalhães, o programa irá ao ar ao vivo às 22h, na TV Cultura, site da emissora, canal do YouTube, Dailymotion, e nas redes sociais Twitter e Facebook.
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