100 dias após retornar à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump realizou na última terça-feira (29) um comício em Michigan nos moldes da campanha eleitoral, exaltando suas ações e promovendo ataques a juízes, imigrantes e à oposição.
Durante o discurso, chamou magistrados de "comunistas de extrema esquerda" e afirmou que uma “revolução do bom senso” estaria em curso no país.
Ao lado de apoiadores no condado de Macomb, o líder criticou decisões judiciais que bloquearam suas ordens executivas, alegando que o Judiciário tenta usurpar os poderes do Executivo: "Não podemos permitir que um punhado de juízes comunistas obstruam a aplicação de nossas leis". O republicano também ironizou a possibilidade de um terceiro mandato — inconstitucional nos EUA — e voltou a atacar seu antecessor, Joe Biden, chamado de "Joe cansado", além de classificar democratas como “malucos”.
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Nos primeiros três meses de mandato, Trump assinou 142 decretos presidenciais, número que supera o recorde de Franklin D. Roosevelt durante o New Deal, sem passar pelo Congresso ou por consulta pública. As medidas, que alteram políticas migratórias, econômicas e sociais, provocaram forte reação de entidades civis e juristas. De acordo com a rádio pública NPR, ao menos duas ações judiciais por dia foram registradas contra o governo desde 20 de janeiro.
Durante o comício, o político parou o discurso para exibir um vídeo de imigrantes sendo deportados e detidos em El Salvador, com destaque para o momento em que tinham cabelos e barbas raspados. Ao final da exibição, declarou: "O mundo está vendo uma revolução do bom senso".
O clima de confronto institucional se agravou com o uso da Lei de Inimigos Estrangeiros, legislação do século 18, que dá ao presidente poderes para expulsar estrangeiros sem processo judicial em tempos de guerra. Especialistas questionam a legitimidade da aplicação dessa norma e apontam que o país vive uma escalada autoritária sem precedentes.
A repressão também atingiu estudantes com visto legal e militância pró-Palestina, que foram detidos sem acusações formais por agentes à paisana.
Além da ofensiva contra a imigração, o presidente impôs novas tarifas sobre importações chinesas, alegando a necessidade de proteger a indústria americana e combater práticas comerciais desleais. A medida, no entanto, já provoca reações nos mercados globais e preocupa exportadores dos próprios Estados Unidos.
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