Fundação Padre Anchieta

Custeada por dotações orçamentárias legalmente estabelecidas e recursos próprios obtidos junto à iniciativa privada, a Fundação Padre Anchieta mantém uma emissora de televisão de sinal aberto, a TV Cultura; uma emissora de TV a cabo por assinatura, a TV Rá-Tim-Bum; e duas emissoras de rádio: a Cultura AM e a Cultura FM.

CENTRO PAULISTA DE RÁDIO E TV EDUCATIVAS

Rua Cenno Sbrighi, 378 - Caixa Postal 66.028 CEP 05036-900
São Paulo/SP - Tel: (11) 2182.3000

Televisão

Rádio

Unsplash
Unsplash

Uma pesquisa conduzida por cientistas da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) identificou microplásticos em todas as amostras de placentas e cordões umbilicais analisadas em um grupo de gestantes de Maceió (AL).

Este é o primeiro estudo do tipo na América Latina e o segundo no mundo a comprovar a presença dessas partículas em cordões umbilicais. Os resultados foram publicados nesta sexta-feira (25) na revista Anais da Academia Brasileira de Ciências.

A equipe analisou tecidos de dez mulheres atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nos hospitais Universitário Professor Alberto Antunes e da Mulher Dra. Nise da Silveira, entre junho e outubro de 2023. As amostras foram submetidas a uma técnica chamada espectroscopia Micro-Raman, capaz de identificar a composição química das partículas com alta precisão.

Ao todo, foram encontradas 229 micropartículas: 110 nas placentas e 119 nos cordões umbilicais. O polietileno, comum em embalagens plásticas descartáveis, e a poliamida, presente em tecidos sintéticos, foram os materiais mais detectados.

Leia também: Confronto entre Tailândia e Camboja chega ao segundo dia; pelo menos 16 pessoas já morreram

Segundo o professor Alexandre Urban Borbely, coordenador da pesquisa, o dado mais preocupante foi a maior concentração de partículas no cordão umbilical em 8 das 10 pacientes, o que indica que os microplásticos conseguem atravessar a barreira placentária e alcançar o feto ainda durante a gestação.

“Toda essa geração que está vindo já nasce exposta a esses plásticos dentro do útero. E o plástico está compondo de alguma maneira o organismo desses indivíduos desde a formação”, alerta Borbely, que lidera o Grupo de Pesquisa em Saúde da Mulher e da Gestação na UFAL.

Essa é a continuidade de uma linha de estudos iniciada em 2021, quando o mesmo grupo, em parceria com pesquisadores da Universidade do Havaí, detectou microplásticos em placentas de mulheres havaianas. Os dados mostraram crescimento contínuo da contaminação ao longo dos anos: 60% das amostras colhidas em 2006 estavam contaminadas, contra 100% em 2021.

Em Maceió, a escolha por pacientes com perfil socioeconômico mais vulnerável buscou retratar a realidade brasileira, em contraste com a maioria dos estudos internacionais, realizados em países desenvolvidos. Embora todas as amostras brasileiras estivessem contaminadas, apresentaram menos aditivos químicos do que as norte-americanas.

Ainda não é possível determinar exatamente as consequências da presença dessas partículas no organismo fetal, mas há fortes indícios de que elas podem afetar o desenvolvimento do bebê. Em estudos com tecidos humanos, os pesquisadores já observaram que plásticos como o poliestireno podem atravessar a placenta com facilidade, interferindo no metabolismo celular e na produção de radicais livres, compostos associados a danos celulares.

A principal hipótese sobre a origem da contaminação envolve a poluição marinha, já que a população local consome regularmente frutos do mar, incluindo moluscos filtradores. A ingestão de água mineral envasada também é apontada como fonte relevante, especialmente quando os galões ficam expostos ao sol.

O próximo passo do projeto é ampliar a amostragem para 100 gestantes e investigar possíveis relações entre a presença de microplásticos e complicações na gestação ou no nascimento. Para isso, está sendo criado o Centro de Excelência em Pesquisa de Microplástico, com financiamento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Os resultados dessa nova etapa devem ser publicados em 2027.

Leia mais: Prévia da inflação acelera para 0,33% em julho, puxada por energia elétrica, aponta IBGE