Fundação Padre Anchieta

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Sem festa, sem quadrilha, sem pescaria nem bingo. Junho está sendo, definitivamente, um mês diferente. O isolamento social acabou com uma parte dessa tradição típica de época. Mas não foi suficiente para privar as pessoas das guloseimas da temporada. Kits de festas juninas estão sendo entregues por escolas e vendidos por pessoas que acharam, na ideia, uma solução para driblar a crise.

“Eu precisava controlar a ansiedade”, diz o chef de cozinha e professor de gastronomia, Lúcio Roberto Batista da Silva, de São Paulo. Dando aulas online, ele não estava se sentindo emocionalmente bem durante a pandemia. Foi aí que um amigo deu a ideia de fazer kits juninos. “Achei que seria legal, então criei a festa junina no caixote, que era para caber mais coisas”, afirma Silva.

O caixote tem sete itens, como canjica, pipoca de doce de leite em pó, caldo verde e quentão (bebida com cachaça e gengibre). Para cinco pessoas, custa R$ 120. “Foi uma ótima dica, já vendi mais de 15 kits”, conta o chef, que espantou também o baixo-astral.

Para a carioca Cristina Ruffatto, os kits juninos ajudaram até a criar empregos. Confeiteira que fazia bolos e doces para eventos, ela viu seu negócio minguar quando a pandemia chegou. “Mas rapidamente mudei minha clientela para pessoas físicas, passei a atender o consumidor final”, diz ela. Nessa pegada, ela começou a vender kits de festa de aniversário e kits de festa junina em casa.

“Meu faturamento, agora, está 50% mais alto que antes da quarentena”, afirma Cristina, que já contratou mais duas pessoas para sua equipe, agora com seis membros, além de dois entregadores. Ela vende kits para quatro e dez pessoas, com preços de que vão de R$ 149 a R$ 269.

No Nordeste, onde as tradições de São João são fortíssimas, os kits também viraram moda. “Sou chef de um restaurante, que já reabriu. Mas como o movimento está bem fraco, resolvi fazer kits juninos nas horas vagas”, explica Marcella Souto, do Recife. “Minha meta era vender 40 kits até o dia 23, véspera de São João”, explica. Mas a chef vendeu 50% mais e chegou a 60 kits bem antes do dia 24. “Agora estou planejando kits para o Dia de São Pedro, no dia 29”, afirma.

Até para cachorro

Tem kit junino até para os membros caninos da família. A médica veterinária Roberta Gomes, dona do Comidinha Natural Pet, do Rio de Janeiro, criou uma receita de canjica saudável para os cachorrinhos.

Nas escolas

No Sul, Sudeste e Centro Oeste, as festas juninas são um marco do calendário escolar. Impedidas de realizar as festas presenciais, muitas instituições de ensino adotaram os drive thru juninos.

Funciona assim: os pais vão com os filhos à escola, mas não saem do carro. Geralmente, todo mundo vai a caráter, com roupa caipira, para entrar no clima. Eles recebem pela janela do automóvel um kit, não só com guloseimas da época, mas também atividades para fazer em casa que lembram os festejos do mês. Colégios como o Objetivo Amparo, no interior de São Paulo, e o Colégio Bernardo Sayão, em Gurupi, no Tocantins aderiram aos drive thru e a aceitação dos pais foi massiva.

Essa é uma forma de manter o vínculo com a família do aluno. E isso é muito importante em tempos de crise. “A inadimplência está altíssima e por isso muitas escolas já estão fechando, principalmente as de educação infantil, de zero a quatro anos”, diz Benjamin Ribeiro da Silva, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo.

Segundo dados da entidade, a taxa de pais com parcelas em atraso, que em maio do ano passado era de 8,41% – hoje está em 21,34%. “As escolas, principalmente as menores, estão fazendo de tudo para sobreviver”, explica ele. Manter atividades, de modo online, e reforçar a ligação com os pais por meio desses kits juninos, é uma boa tentativa, segundo ele.

Outras escolas, como o Colégio Santo Agostinho, de São Paulo, resolveu fazer um sorteio pelo Instagram de uma cesta junina. “Nossa festa junina é um acontecimento no bairro. Por isso criamos esse sorteio para envolver também a comunidade, já que esse ano não vai ter festa”, diz a assessora da diretoria da escola, Patrícia Guimarães.

No Marista Glória, em São Paulo, algumas classes marcaram a própria festa junina por videoconferência. Cada família montou a própria mesa de doces e as crianças participaram das brincadeiras pelo Zoom.