Fundação Padre Anchieta

Custeada por dotações orçamentárias legalmente estabelecidas e recursos próprios obtidos junto à iniciativa privada, a Fundação Padre Anchieta mantém uma emissora de televisão de sinal aberto, a TV Cultura; uma emissora de TV a cabo por assinatura, a TV Rá-Tim-Bum; e duas emissoras de rádio: a Cultura AM e a Cultura FM.

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Televisão

Rádio

O administrador Hugo Leonardo Pereira de Faria, 30 anos, auditor interno da Petrobras, é metódico e dedicado em relação ao objetivo de estar sempre aprendendo. Ele reserva duas horas por dia, inclusive aos finais de semana, para fazer cursos e ler.

“Decidi cronometrar, para ter certeza de que vou cumprir a meta”, revela. “Mas faço isso não como obrigação, e sim por me sentir muito bem quando estou adquirindo novos conhecimentos.”

Depois do curso de Administração e do MBA em Marketing, Hugo descobriu o potencial do aprendizado rápido – seja por meio de cursos curtos, seja pela autodidatismo. “Nossos pais tinham poucas opções para aprender por conta própria. Basicamente os livros e as enciclopédias. A internet revolucionou esse cenário para a nossa geração. Temos que aproveitar”, compara.

Mil coisas ao mesmo tempo

A prática de buscar aprendizado constante sobre temas práticos, aplicáveis no dia a dia, vem sendo chamada de lifelong learning, no termo em inglês. Trata-se da valorização das formas alternativas aos cursos convencionais de longa duração.

A ideia é que, num mercado e num mundo que estão mudando rapidamente, os conhecimentos precisam ir sendo aplicados em tempo real, em paralelo à absorção das informações. Já os cursos tradicionais ainda são construídos na lógica de que a pessoa precisa ser preparada primeiro para só depois aplicar os conhecimentos.

Neste momento, Hugo está fazendo um curso online de administração do tempo, outro sobre marketing digital e ainda o curso A Ciência da Felicidade, ministrado pela Universidade de Berkeley. No período imediatamente anterior à pandemia, havia feito um curso presencial sobre Inteligência Emocional.

Em meio a tudo isso, está sempre lendo sobre diversos assuntos. Um exemplo: motivado pelo rompimento de um namoro, decidiu estudar sobre relacionamentos, com o objetivo de aumentar as chances de acerto no próximo.

Desafios da pandemia

A disposição para permanecer sempre conhecendo novos assuntos e áreas vem sendo considerada uma das características essenciais para o mercado de trabalho da década que está começando.

É uma tendência que certamente ganhou impulso durante a pandemia, período em que muitos profissionais precisaram se reinventar com urgência – seja buscando novas formas de exercer a profissão, seja explorando outras atividades.

“O lifelong learning é a materialização da sabedoria popular de ser um eterno aprendiz”, diz Bárbara Camargo, gerente de Talent Experience do Grupo Movile, ecossistema de tecnologia que inclui empresas como iFood, PlayKids e Sympla.

A prática é fundamental

Bárbara cita as projeções de que 85% das funções profissionais que existirão daqui a dez anos ainda sequer foram criadas. “Para dar conta desse cenário, é preciso que a educação formal não seja considerada a única fonte de conhecimento, pois ela não atende sozinha a toda a necessidade atual”, avalia.

Para quem pretende mergulhar no universo do lifelong learning, ela recomenda selecionar bem as fontes de estudo, estabelecer prioridades (a partir da pergunta “que habilidades são mais necessárias agora para o meu desenvolvimento?”) e optar por temas alinhados aos interesses pessoais.

É importante pensar em conhecimentos que poderão ser colocados em prática no curto prazo. “O estudo teórico é apenas 10% do aprendizado. O que vai fazer com que você realmente aprenda um assunto é aplicá-lo”, avalia.

Degustação do EaD

Um dos muitos processos acelerados pela pandemia foi o dos treinamentos corporativos à distância, observa Samir Iásbeck, CEO e fundador da Qranio, plataforma mobile de aprendizagem que utiliza a gamificação para estimular a interação com conteúdo educacional.

“Se pararmos para fazer uma análise, é um movimento de mercado que já estava acontecendo, ainda que lentamente. Os benefícios da aceleração dessa mudança de comportamento vão desde redução de custos até acompanhar mais de perto a performance do colaborador”, avalia.

Levantamento realizado pela Catho Educação registrou aumento de 78% em matrículas para cursos EAD durante o mês de maio. Cursos rápidos têm sido os mais procurados pelos profissionais em busca de qualificação. “De modo geral, esse momento da pandemia se transformou em uma grande degustação do modelo EAD”, considera o gerente da Catho Educação, Fernando Gaiofatto.

O futuro é agora

Se já é importante para os profissionais que estão no mercado, a tendência do lifelong learning é ainda mais relevante para as futuras gerações.

“Sempre falo para os meus filhos, um casal de adolescentes, que eles vão ter pelo menos cinco profissões ao longo da vida. Por isso não vão poder parar de estudar nunca”, diz a curadora de conteúdo do Rock in Rio Innovation Week, Michelle Aisenberg, 44 anos.

Formada em Jornalismo, com pós em ergodesign e usabilidade de interfaces, Michelle já atuou como jornalista, relações-públicas, social media e agora “está” curadora de conteúdo – oportunidade que surgiu depois da mudança com a família para Lisboa, há três anos.

“A gente sempre falava em se preparar para o futuro, mas o futuro nunca esteve tão presente. O futuro é agora. Podemos ficar irrelevantes rapidamente se não descobrirmos caminhos para continuar relevantes”, analisa Michelle.

Novas formas de aprendizado

Ela diz ter sido uma boa aluna do ensino tradicional, incluindo três idiomas – inglês, francês e espanhol –, mas com o tempo descobriu que prefere o aprendizado mais prático, baseado em leituras rápidas e, principalmente, em conversas. “Aqui em Portugal fui premiada com um trabalho que tem justamente esse lado em que aprendo o tempo todo, e bem do jeito que eu mais gosto.”

Atuando na área de learning experience do Rock in Rio, ela tem como missão desenvolver alternativas para o aprendizado constante e atraente. “Quanto mais mergulho nesse universo, mais percebo que o aprendizado acontece de formas que a gente muitas vezes não imagina e sequer se dá conta.”