Fundação Padre Anchieta

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Quando Eduardo Marques foi contratado, há três anos, a empresa em que ele trabalhava passava por um processo de recuperação judicial. Ele sabia que era algo instável, mas sempre recebeu avaliações positivas sobre seu trabalho, como gerente de capacitação. Por isso, frustração foi seu primeiro sentimento quando soube que seria demitido da companhia.

“Claro, a gente pensa primeiro no financeiro. Mas fiquei bem frustrado, porque era um trabalho que estava dando muito resultado para a empresa”, diz ele.

Além de frustração, quem é desligado durante a pandemia tem que arcar não só com o estresse de uma demissão, o sentimento de rejeição, mas também com as inseguranças que essa época de coronavírus impõe, além do lado financeiro, que é bem instável.

“O trabalho, nesses tempos de pandemia, acaba servindo como uma válvula de escape. Quem está pulando de uma teleconferência para outra, não está imerso totalmente na realidade da pandemia. E quando vem a demissão, essa proteção acaba”, explica a psicóloga Rosana Zakabi, de São Paulo.

Nesse momento de ruptura, é normal se sentir mal. “Primeiro, vêm sentimentos de confusão, de tristeza, de frustração”, diz Mara Sestucia, psicóloga e líder da Evolvere, uma plataforma de apoio e aconselhamento profissional para pessoas físicas. Uma depressão até pode acontecer, mas é importante ficar atento para a duração e o nível de paralisação que essa maré baixa provoca. “Se é algo que está impedindo sua reação, se prolongando e que afeta outras áreas de sua vida, prejudicando seu papel como amigo, amiga, esposa, marido, mãe ou pai, é hora de procurar ajuda”, diz Mara.

Essa ajuda pode ser a de um terapeuta, mas não necessariamente, diz Marcio Cassin, da FLG Brasil, consultoria de Recursos Humanos. “Um amigo, um ex-chefe, um ex-colega podem ajudar, mas desde que sejam de confiança.”

Quem será demitido?

Durante esses tempos de crise, segundo ele, as empresas que precisam demitir usam critérios mais técnicos que profissionais/pessoais para selecionar quem será cortado. “Cerca de 80% das demissões são de pessoas ligadas a áreas que estão sendo muito afetadas, como expansão de novos projetos. Nesses casos, a escolha é funcional. Só em poucos casos, cerca de 20%, o critério tem a ver com desempenho.”

Mesmo sabendo disso, ninguém que é demitido neste momento escapa de fazer uma autoavaliação de suas capacidades. “E isso é bom”, diz Rosana. “Mas é importante não ficar apenas nos aspectos negativos”, acrescenta.

Marques, por exemplo, fez uma parede com post-its nos quais listou todos seus pontos fortes, seus desejos de carreira, seus objetivos. “Tudo tem seu lado bom e lado ruim. Nesse momento, não podemos pensar apenas nos negativos, embora seja fácil fazer isso”, diz ele, que agora montou uma nova rotina, uma força-tarefa para sua recolocação. “Procurar emprego também dá trabalho, explica.

“Usar o tempo livre para novos cursos online, para melhorar seu perfil nas redes e criar uma rotina é uma boa dica”, diz Mara.

Mas tudo isso, segundo ela, é importante que seja feito depois de um processo de entender o que aconteceu. “Se você ainda não entendeu por que foi desligado, precisa dedicar um tempo a esse processo. Porque a primeira pergunta que vão fazer, numa possível entrevista para um novo emprego, é por que você foi desligado de sua última ocupação. E sua resposta precisa passar segurança”, explica ela.

“Isso não quer dizer que você tem que pôr a culpa da demissão em algo, na pandemia, na empresa ou no seu comportamento. É entender que ninguém é só bom, ou só ruim e ver onde você acertou e onde errou”, diz Rosana. Se esse for um processo doloroso demais para fazer sozinho, é hora de procurar ajuda, segundo ela. Cair numa espiral de negatividade só faz você afundar mais. Então, nessa hora, um parente próximo, alguém que te conheça bem ou um profissional podem ser de grande ajuda.

Que dicas práticas podem ajudar?

Conversar com alguém de confiança, como já foi dito, é válido. Da mesma maneira, é importante se afastar de comparações, como: por que eu fui demitido e fulano não? Por que ciclano já arrumou outro emprego e eu não? Esse tipo de coisa, segundo Mara, nunca ajuda.

Estabelecer uma nova rotina para o seu dia a dia é fundamental. Ter hora para acordar, fazer atividades extraprofissionais e se dedicar a um novo aprendizado ou à busca por recolocação, ajuda muito.

No caso do Eduardo Marques, escrever tudo pelo que ele está passando foi, ao mesmo tempo, terapêutico e estratégico. “Comecei a escrever textos sobre a minha situação, sobre o que penso e passei a publicar numa rede social profissional. Isso vem me ajudando, inclusive a ter mais exposição profissional”, afirma. Ele vem sendo convidado para lives e para processos seletivos.