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Profissional de saúde cuida de paciente com covid-19 em Porto Alegre
Reuters
Em Porto Alegre, ocupação das UTIs passa de 90%

A região sul do país foi num primeiro momento menos afetada pelo coronavírus, mas agora é uma das partes do Brasil mais preocupantes.

"A pandemia no Sul caminha para um agravamento sem precedentes", avalia o epidemiologista Lúcio Botelho, professor do Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

A situação piorou significativamente no último mês em todos os três Estados da região. No Rio Grande do Sul e especialmente no Paraná, a crise nunca esteve tão séria quanto agora.

A média móvel de novos casos (a média dos últimos 14 dias imediatamente anteriores) atingiu seu pico de toda a pandemia nos dois Estados em novembro, de acordo com dados do portal Covid 19 Brasil, elaborado por pesquisadores da Universidade de São Paulo.

No último dia 29, a média chegou a 3.673 novos casos no Rio Grande do Sul, um aumento de 54% em relação ao registrado no dia 1º. No dia 30, de acordo com os dados mais recentes, era de 3.410.

O Paraná também teve um novo recorde no dia 29, com média de 3.612 novos casos, um salto de 279% em relação ao primeiro dia do mês. No dia 30, eram 3.317.

Em Santa Catarina, o pico da média móvel de toda a pandemia ainda é o dia 3 de setembro, com 6.423 novos casos. Mas a situação no Estado está bem próxima de se igualar ao seu momento mais crítico.

Em 29 de novembro, a média móvel atingiu 5.492, seu maior valor no último mês, e ficou em 5.086 no dia 30.

Foi o maior índice de todos os três Estados do Sul no último mês.

"Todas as principais regiões dos três Estados estão no ápice da curva de casos. A pandemia pode fugir do controle se nada for feito", afirma Botelho, que médico, doutor em epidemiologia e ex-reitor da UFSC.

Transmissão em alta

Botelho aponta para a taxa de transmissão (Rt) do coronavírus para justificar sua preocupação. Essa taxa indica quantas pessoas são contaminadas em média por uma pessoa que foi infectada pelo novo coronavírus.

Quando a Rt fica acima de 1, é um sinal de que a pandemia está crescendo. Se fica abaixo, a pandemia perde força.

Em todos os Estados do Sul, a média móvel da taxa de transmissão está acima de 1 atualmente e tem se mantido assim há algum tempo, de acordo com o Observatório de Síndromes Respiratórias da Universidade Federal de Santa Catarina.

No dia 30 de novembro, segundo os dados mais recentes, a média mais alta era a de Santa Catarina: 1,17.

Mulher em ônibus em Curitiba
Getty Images
Dados mostram pandemia em expansão nos três Estados do Sul

Isso significa que 100 pessoas infectarão outras 117, que, por sua vez, deixarão outras 136 doentes e assim progressivamente.

É também em Santa Catarina que a média móvel está acima de 1 há mais tempo, desde 7 de outubro.

A segunda maior Rt média atual é a do Paraná (1,11). No Estado, a taxa está acima de 1 desde 6 de novembro.

E o Paraná chegou a registrar 1,35 em 18 de outubro, o maior índice entre os três Estados do Sul no último mês e o terceiro de todo país, atrás apenas de Sergipe e do Rio Grande do Norte.

O Rio Grande do Sul tem a terceira maior Rt média, com 1,07. O índice gaúcho está acima de 1 desde 24 de outubro, há mais tempo do que o índice paranaense.

Botelho defende que, para reverter esses índices, é necessário intensificar as medidas de distanciamento social e restringir a circulação da população.

Ele também diz ser necessário aumentar a testagem e a identificação de pessoas que entraram em contato com quem está doente para isolar os infectados e deixar em quarentena os casos suspeitos.

Só assim é possível interromper a cadeia de transmissão do vírus, diz o epidemiologista. Sem essas medidas, "o que vai acontecer é um aumento cada vez maior da pandemia."

'Se números não baixarem, tem que fazer lockdown'

Estes dados já começam a se refletir nos hospitais da região.

O aumento de casos já faz com que 50 pessoas estejam na fila de espera por uma vaga de UTI na região metropolitana na capital do Paraná, segundo a Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Curitiba.

A Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul recomendou que estruturas de atendimento exclusivas para a covid-19 sejam reativadas para dar conta do crescimento das infecções.

Profissionais de saúde cuidam de paciente com covid-19 em Porto Alegre
Reuters
Governo do Rio Grande do Sul recomendou que leitos de covid-19 sejam reativados

A pasta também pede que os hospitais avaliem a suspensão de cirurgias eletivas no Estado, onde a ocupação das UTIs chega a 80%. O índice está acima de 90% em Porto Alegre.

Em Santa Catarina, a ocupação na rede pública atingiu era em média de 85% no último dia 30, mas chegava a quase 90% no meio-oeste do Estado e na serra catarinense.

Das 16 regiões de saúde avaliadas pela Secretaria Estadual de Saúde, 13 são consideradas atualmente como de risco gravíssimo e três como de risco grave por causa da propagação do coronavírus.

Para combater esse agravamento da pandemia, alguns Estados já começam a anunciar medidas.

O governo gaúcho anunciou novas medidas para 19 das 21 regiões do Estado que são classificadas como de alto risco, como a proibição de permanência em parques e praias e a suspensão de eventos e festas de fim de ano, inclusive em estabelecimentos privados.

Também foi reduzido o horário de funcionamento de bares e restaurantes e do comércio e determinado o fechamento de teatros, casas de shows e cinemas.

Profissional desinfecta ponto de ônibus em Curitiba
Getty Images
Estados estão adotando medidas para combater aumento de casos e internações

O Paraná anunciou que adotará um toque de recolher em todo o Estado entre 23h e 5h a partir da quarta-feira (2/12) e estuda fechar praças e parques.

O governo também disse que recomendará que os servidores estaduais passem a trabalhar de casa.

Em Curitiba, a prefeitura suspendeu o funcionamento de bares, casas noturnas e festas. Restaurantes, shoppings e o comércio de rua continuam funcionando, mas com restrição de horários.

O governo de Santa Catarina disse que reativará leitos de UTI e intensificará a fiscalização do uso de máscara e proibição de aglomerações.

Botelho acrescenta que é preciso ampliar as campanhas de conscientização da população para que as novas regras sejam cumpridas, mesmo com o desgaste após nove meses de medidas de controle da transmissão do vírus.

"Não é uma questão se é possível endurecer as medidas agora, é necessário. Tem que exigir, fiscalizar e multar pesado. E, se os números não baixarem, fazer lockdown por 21 dias."


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