Fundação Padre Anchieta

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Para começarmos bem este 2021, selecionei seis quadrinhos para cima. Não necessariamente de humor, embora sejam maioria. Após um 2020 pesado, com pandemia e isolamento, listo aqui HQs torcendo para que elas nos animem e entretenham enquanto aguardamos a picada que não vai doer nada – mesmo que doa um tiquinho.

Procurei representantes de seis tipos bem diferentes: mangás, HQs brasileiras, BDs europeias, super-heróis, comix americanos que não são de super-heróis e historietas argentinas. Há até um brinde – um ótimo quadrinho da África que, infelizmente, é inédito no Brasil (por isso está como brinde, só é possível lê-lo em inglês).

Boas leituras e feliz 2021!

A Princesa e o Cavaleiro”, de Osamu Tezuka

Tezuka é considerado o maior mangaká (artista de mangás) de todos os tempos. No final da carreira, criou HQs voltadas para o público adulto (como os ótimos “Recado a Adolf” e “Ayako”). Mas a maior parte de sua longa vida foi dedicada ao público infantil – e eu tenho aqui um cardápio enorme de onde escolher obras leves e felizes.

Vou ficar com “A Princesa e o Cavaleiro”, clássico lançado originalmente em oito capítulos a partir de 1953. Trata-se de uma “aventura-comédia-romance” fofa e divertida que conta as aventuras de Safiri, princesa que é obrigada a se vestir como um cavaleiro.

As Cobras – Antologia Definitiva”, de Luis Fernando Verissimo

Fui um adolescente que gostava de ler, assim como os amigos a meu redor. Poucos autores nos uniam tanto quanto o gaúcho Luis Fernando Verissimo. Às vezes, ficávamos lendo nossos contos favoritos de “Comédias da Vida Privada” uns para os outros. A inteligência e o humor daqueles textos sempre nos fizeram bem.

Felizmente para nós, leitores de HQs, Verissimo consegue manter essa inteligência e humor tão acima da média em seus quadrinhos. Leia “As Cobras” e veja se não concorda comigo :-).

Asterix e Cleópatra”, de René Goscinny e Albert Uderzo

Eu coloco os franceses René Goscinny e Albert Uderzo no meu panteão de melhores quadrinistas de todos os tempos (neste artigo do site Hábito de Quadrinhos, explico a razão). “Asterix”, a maior criação da dupla, é praticamente uma unanimidade.

Por isso, eu deveria me sentir culpado por sugerir algo tão óbvio quanto um álbum (no caso, “Asterix e Cleópatra”, um dos meus favoritos). Mas, confesso, não me sinto culpado. Sou fã demais deles para tanto! E, claro, pode ser que você já conheça os personagens, mas ainda não tenha lido essa história em particular. Então, fica a dica!

Astro City”, de Kurt Busiek, Brent Anderson e Alex Ross

Há dois meses, comentei aqui no site da TV Cultura que há alguns artistas que parecem ter vergonha de admitir que suas obras são do gênero de super-heróis. Pois bem, Busiek, Anderson e Ross não fazem parte desse grupo. O trio criou um universo à parte que é palco da série “Astro City”. É um mundo de homenagens a todos os personagens icônicos tanto da Marvel quanto da DC, embalados em histórias ótimas, que misturam suspense e aventura com momentos bem emocionantes. Mesmo que você não conheça esses personagens – afinal, foram criados especialmente para “Atro City” -, vai sentir como se fossem velhos amigos. A editora Panini já publicou 12 volumes de “Astro City” no Brasil, e sugiro começar pelo primeiro. Claro, né? :-)

Calvin e Haroldo – O Mundo É Mágico”, de Bill Watterson

Foram só dez anos de publicação. E aí, Bill Watterson se aposentou nos deixando mais ou menos órfãos de Calvin e Haroldo. Digo “mais ou menos” porque estamos há décadas sem uma história nova, mas isso não quer dizer que o menino de imaginação hiperativa e seu tigre de pelúcia não estejam entre nós. Seja em jornais ou na coleção que a editora Conrad está lançando desde 2010, ainda há muitas aventuras do Capitão Estupendo, coleções de insetos, guerras de bolas de neve e “viagens no tempo” para nós. Apropriando-me do título do volume de Calvin que indico aqui: o mundo continua mágico. Felizmente.

Macanudo”, de Liniers

A tira “Macanudo” não tem exatamente um protagonista: trata-se de um “elenco” vasto, com personagens indo e voltando. Além disso, em um dia, é uma tira hilária. No outro, uma lírica. A única constante é a qualidade: como escritor e ilustrador, o argentino Liniers nos brinda diariamente com uma tira “Macanudo” que merece ser lida. Gracias, Liniers!

Brinde – “Madam and Eve”, de Rico Schacherl e Stephen Francis

É uma pena que a HQ sul-africana “Madam and Eve” seja inédita em português. Mesmo assim, vou recomendá-la como um “brinde” dessa listinha de início de ano. Assim, quem souber ler em inglês terá a oportunidade de ir atrás desse rico material.

Falo bastante sobre “Madam and Eve” neste artigo publicado no site Hábito de Quadrinhos, mas fica aqui o resumo: trata-se do cotidiano de uma rica senhora branca sul-africana (a “madame” do título) e sua faxineira negra (Eve). O próprio título mostra por onde a tira caminha: a branca tem nome (Gwen Anderson), mas o que importa é seu posto de “madame”. A sociedade sul-africana está sendo representada ali diariamente nesta tira. Não só representada, mas cutucada: “será que você é racista e não percebe?”; “você trata a sua faxineira assim?”; “o que você sentiria se isso acontecesse contigo?”. Vale para a África do Sul, vale para o Brasil.

Pedro Cirne é formado em jornalismo, desenhos e histórias em quadrinhos. Nascido e criado em São Paulo, é filho de um físico luso-angolano e de uma jornalista paulistana.

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