Fundação Padre Anchieta

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Dizem que no Senado o jogo pode ser mais duro. O governo joga contra faz tempo. Fato é que o auxílio para o esporte acabou aprovado na Câmara. Pouco mais de um bilhão e meio de reais. Enfim, um tipo de atenção que promete ir desde times e agremiações famosas até os confins da várzea. E tem o mérito de jogar luz sobre um universo esquecido deixando claro que o esporte sempre foi o responsável por uma teia social enorme. Não teríamos os campeões que tivemos e temos não fosse ela. Segundo o autor o projeto olhou para aqueles que muitas vezes ficam na prateleira da invisibilidade do esporte. Em seguida lembrou de quem se trata: boleiros, maqueiros, professores de educação física que, aliás, poucas vezes na vida vi serem lembrados. Não custa destacar que o presidente da República tinha vetado o projeto em março, quando o Câmara havia tentado aprovar o pagamento emergencial aos profissionais da área.

Na época o principal adversário vestia a camisa do Ministério da Economia que alegou um impacto de até quinze bilhões no orçamento. Impasse que foi driblado com um mecanismo que limitou os gastos com a medida a esse pouco mais de um bilhão e meio de reais. O auxílio irá durar três meses e tem natureza alimentar, o que quer dizer que não pode sofrer bloqueios judiciais ou bancários, ser usado para pagar dívidas. O que só caberá em casos que envolvam pensão alimentar. Mas na esteira dessa aprovação vieram outras. O tão falado Profut teve o prazo de inscrição reaberto e os clubes ganharam a possibilidade de refinanciar dívidas fiscais.

As entidades que recebem dinheiro das loterias, o que não é o caso do futebol, poderão usar até vinte por cento dos recursos para pagar salários e impostos. Diante disso o Novo foi o único a votar contra, o partido queria retirar o trecho que permitia que as Confederações usassem os recursos da Lei Piva, a das loterias, para pagar dívidas, subtraindo assim dinheiro que deveria ter o esporte como destino. A emenda chegou a ter o apoio do PV, mas acabou rejeitada. O que não dá pra rejeitar é o argumento do deputado, Paulo Ganime, do Novo, ao falar sobre o tema. Segundo ele cada vez que se criam ferramentas para que maus gestores sejam salvos pelo Estado a gente faz com que isso se perpetue. Vai dizer que não há razão nisso?

Enfim, depois de três semanas sob ataque do governo o projeto não só passou como provocou falas cheias de verdades, que nem por isso devem nos encher de esperança. Mas, seja como for, é sempre bom ouvir que os profissionais do esporte estão no último lugar na fila das políticas públicas, que o poder público tem um débito com o setor. Diria que por tabela um débito com a saúde mental e física da população. Leila Barros, medalhista em Atlanta com nossa seleção de vôlei e que hoje é senadora pelo Distrito Federal, disse não imaginar que um senador vá votar contra o setor esportivo. Eu não teria tanta certeza. E fosse o caso de jogar contra por causa de certas benesses aos clubes, tudo bem, mas negar um auxílio emergencial num momento como o atual, podendo contar com um limite de gastos, chega a me parecer cruel. Mas pensando bem o que pode ser mais cruel do deixar o esporte na condição de último da fila?

Vladir Lemos é jornalista, apresentador Revista do Esporte e diretor de Esporte da TV Cultura.