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"O fracasso do governo Bolsonaro na luta contra a covid-19 pode levar muitos eleitores a votar em outra pessoa", diz jornalAs acusações contra Bolsonaro no relatório final da CPI da Pandemia, mortes em estudo com proxalutamida contra a covid-19 e as crises econômica e energética foram destaques nos jornais da Alemanha.Süddeutsche Zeitung – 1.200 páginas explosivas para Bolsonaro (20/10)

Uma comissão parlamentar sobre a pandemia faz graves acusações contra o presidente brasileiro, chegou-se a se falar até em homicídio e genocídio, e agora, pelo menos, em crime contra a humanidade.

(…)

O presidente Bolsonaro sempre criticou a comissão de inquérito e ainda não se pronunciou sobre o relatório final. A questão é, de qualquer maneira, quais serão as consequências concretas que ele sofrerá. Poucas horas depois que o relatório se tornou público, a acusação de homicídio parece ter sido removida. Para alguns senadores, o relatório teria ido longe demais. A principal acusação agora é crime contra a humanidade.

Em qualquer caso, uma denúncia formal contra o presidente é altamente improvável. O procurador-geral teria que concluir que existem provas concretas suficientes para iniciar uma investigação. Apesar de suas 1.200 páginas, o relatório fornece isso apenas de forma limitada, e o procurador-geral também é um aliado de Bolsonaro. A abertura de um processo de impeachment após a CPI também é improvável. No Congresso, Bolsonaro garantiu o apoio do poderoso bloco do Centrão, que sempre segue aquele que tem mais cargos e benefícios para distribuir.

A consequência mais séria do relatório é, portanto, o prejuízo à imagem: a popularidade de Bolsonaro vem caindo há meses, a economia está despencando, e a pobreza e o desemprego estão aumentando. Haverá eleições no próximo ano, e Bolsonaro provavelmente vai querer concorrer novamente. O fracasso de seu governo na luta contra a covid-19 pode levar muitos eleitores a votar em outra pessoa.

Süddeutsche Zeitung - Opinião: Esperança se torna horror (16/10)

Um dos possíveis maiores escândalos médicos da América Latina começou com um lampejo de esperança: no início do ano, os casos de covid-19 no Brasil disparavam de maneira cada vez mais vertiginosa. Milhares de pessoas morriam todos os dias, valas comuns eram cavadas, até mesmo caixões se tornaram escassos. Em meio a essa situação catastrófica veio a notícia de um medicamento "revolucionário" que melhoraria drasticamente as condições dos pacientes em um tempo muito curto: a proxalutamida.

A esperança há muito tempo se transformou em horror. [...] Agora as autoridades estão investigando a conexão entre a morte de 200 pessoas e o uso da proxalutamida.

O potencial escândalo vem à tona em um momento em que o número de infecções no Brasil está caindo drasticamente, graças, em particular, a uma campanha de vacinação bem-sucedida em todo o país; ao mesmo tempo, porém, o governo Bolsonaro está sob pressão pública por causa de sua, na opinião de muitos, gestão inadequada da pandemia. Há meses, uma comissão parlamentar investiga no parlamento, e recentemente um advogado de doze médicos anônimos foi ouvido pela comissão, relatando como operadores de clínicas privadas instaram sua equipe a usar drogas controversas contra o coronavírus.

Já isso havia causado uma onda de indignação no Brasil, e agora vem o escândalo em torno do estudo com a proxalutamida. Pesquisadores da Unesco classificaram o caso como potencialmente uma das "violações dos direitos humanos mais graves" da história da América Latina. O chefe do estudo, o endocrinologista Flávio Cadegiani, se defendeu dizendo que os críticos aplicaram os padrões errados.

Os partidários de Jair Bolsonaro veem por trás do escândalo uma nova tentativa de descredibilizar dos medicamentos propagados pelo presidente mas altamente polêmicos nos círculos especializados. Ao mesmo tempo, as autoridades brasileiras e parentes anunciaram ações judiciais.

Der Spiegel – Onde famintos reviram restos de carne (17/10)

Uma sem-teto vai para a cadeia por roubar comida pelo equivalente a 3,50 euros: no Brasil, o coronavírus ampliou a desigualdade social. A população está sofrendo mais do que antes.

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Existem muitas razões para a miséria. "A pandemia de coronavírus parecia uma grande tempestade depois de anos de mau tempo", diz o economista Macelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas, do Rio de Janeiro. Mesmo antes da pandemia, o país estava preso em uma crise crônica, e a economia estagnou, e os investidores fugiram por falta de estabilidade política. O choque da pandemia é agora particularmente profundo – e exacerbou ainda mais a já extrema desigualdade.

Isso se deve principalmente ao enfraquecimento do mercado de trabalho: quase 10% da renda dos trabalhadores se perdeu desde o início da pandemia. Acima de tudo, os ganhos mais baixos são afetados: aqui, 21,5% da receita total foram eliminados. O setor informal, que consiste principalmente em empregos de serviços como limpar, cozinhar ou vender na rua, foi o mais atingido. "Isso indica que os pobres são os que mais sofrem com a crise", diz Neri. Cerca de um terço dessas pessoas teria perdido seus empregos na pandemia.

A persistência dessa tendência é particularmente preocupante: embora o Produto Interno Bruto brasileiro já tenha se recuperado, isso parece estar acontecendo apenas lentamente no mercado de trabalho. O fim da maioria das medidas de lockdown e o avanço da campanha de vacinação não fazem com que os empregos voltem por si só. As empresas faliram ou estão com postos de trabalho reduzidos, as corporações internacionais se retiraram parcialmente do país e as famílias estão gastando menos dinheiro. Quem caiu de uma posição precária para a pobreza total não volta a subir tão fácil na escala social.

Como consequência de longo prazo da pandemia, o país está ameaçado por uma geração perdida: o desemprego é particularmente alto entre os jovens. As lacunas educacionais devido ao fechamento das escolas são imensas, e aqui também a desigualdade se reproduz. Enquanto as caras escolas particulares lançaram rapidamente ofertas de aprendizagem digital e agora estão abertas novamente, as crianças da favela – que muitas vezes não têm acesso a dispositivos digitais ou conexão à internet em casa – às vezes só podem ir à escola um dia por semana.

Die Welt – O país que fecha a própria torneira (14/10)

No Brasil, acontecem cenas distópicas: cidades desaparecem atrás de nuvens de areia, e rios por onde quase não corre mais água fazem ruas submersas reaparecerem.

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O Paraná é o segundo maior rio da América Latina – e está com o menor nível dos últimos 100 anos. As primeiras usinas hidrelétricas estão em perigo de colapso, e apagões generalizados não podem mais ser descartados. Tempestades de areia varrem o país. Brasil, Paraguai e Argentina reagem com nervosismo e preparam a população para restrições. E ela está começando a sentir que as consequências da seca a está ameaçando diretamente – e ainda assim, não tem chance de reagir a elas.

Em uma comparação global, o Brasil é um dos países que dependem particularmente de energias renováveis, por isso depende da disponibilidade de sol, vento e água para o fornecimento de energia. O país obtém 60% de sua energia de hidrelétricas, outros 20% vêm de fontes como eólica, biomassa e fotovoltaica, de acordo com o relatório anual da Sociedade Alemã para Cooperação Internacional (GIZ). Mas como o desmatamento da floresta tropical está avançando, o próprio país está literalmente fechando sua própria torneira.

Nos últimos 20 anos, todos os governos brasileiros toleraram, de uma forma ou de outra, o desmatamento. O recorde do século atual é do ex-presidente de esquerda Lula da Silva (2003-2011) com inimagináveis ​​27 mil quilômetros quadrados (2004) de área de floresta desmatada em um ano e não, como se poderia supor, o titular, o presidente populista de direita e hostil ao clima, Jair Bolsonaro (12 mil quilômetros quadrados em 2020). Os cientistas atribuem a escassez de água à perda de área florestal – com consequências dramáticas.

md/lf (ots)