Fundação Padre Anchieta

Custeada por dotações orçamentárias legalmente estabelecidas e recursos próprios obtidos junto à iniciativa privada, a Fundação Padre Anchieta mantém uma emissora de televisão de sinal aberto, a TV Cultura; uma emissora de TV a cabo por assinatura, a TV Rá-Tim-Bum; e duas emissoras de rádio: a Cultura AM e a Cultura FM.

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Televisão

Rádio

A Grande Orquestra do Mundo é uma série de 13 programas em episódios semanais. Em cada um deles, uma jornada é empreendida através dos principais movimentos da história do teatro ocidental – dos gregos aos contemporâneos -, fazendo uma aproximação entre as obras de dramaturgos consagrados com a estrutura da orquestra sinfônica e suas diversas dinâmicas sonoras. Beethoven e seu ímpeto romântico em direção à descoberta de novas formas do discurso musical equipara-se à solidão meditativa de Hamlet, aquele que é reconhecidamente o símbolo inaugural do moderno individualismo burguês nas ribaltas dramáticas. A celebração religiosa do teatro medieval e seus dramas da Paixão de Cristo associam-se ao tempo cíclico e ornamental das composições de Bach. E assim caminhamos lado a lado: música e teatro percorrendo as mais conhecidas paisagens poéticas em cada um dos 13 programas, misturando trechos informativos e dramatizações com músicas e canções que ajudam, assim, a formar um cenário onde palavra e som se completam. Tudo isso conduzido pela voz do ator e radialista Chico Carvalho.

Conforme Shakespeare sentencia ao dizer que o Mundo é um Palco - tornando a nós como as personagens mascaradas que atravessam a cena até o cerrar definitivo das cortinas -, o programa aproveita a mesma alegoria para incluir a música como mais um elemento narrativo dessa trama poética. Cordas, madeiras, percussão e metais caminham de perto com Fausto, Dom Quixote, Quaderna, Édipo Rei e demais figuras para provar que dramaturgia e música são potentes plataformas de alcance ao imaginário do ouvinte, ainda que operando em canais diferentes de percepção. Com um pouco de imaginação, é bastante possível enxergar o balé do movimento dos arcos dos violinos em diálogo com o naipe de sopros como um embate dramático entre duas figuras teatrais. A própria organização espacial dos músicos no palco já determina a ‘ação’ da história que a batuta do maestro colocara à prova nos primeiros instantes do concerto sinfônico.

O programa que estreia no próximo domingo, primeiro de novembro, às 14h, persegue a criação de um material mais fluido e menos apressado, tentando operar música e palavra através de uma edição menos fundamentada em blocos, e mais dedicada ao movimento natural de uma coisa para a outra. Em tempos de consumo e de ansiedades latentes, a proposta é resgatar o prazer da escuta desinteressada, contemplativa. Ao tratar de música e teatro, o programa é também uma celebração a essa qualidade inerente de criar formar e artifícios para espelhar quem somos, usando de todo expediente simbólico para dar cores, desenhos, ritmos, sonoridades e expressão ao assombro de nos sentirmos vivos. Em consequência disso, o protagonista dos nossos encontros semanais é o próprio artista da cena: o ator e o instrumentista, ambos representantes de ofícios efêmeros e nada utilitários, e, por essa mesma razão, essenciais para a manutenção da humanidade que carregamos todos dentro de nós.