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O palco do teatro transformado em um grande espelho dos cenários da vida. Um recorte tão fiel dos acontecimentos diários que faz do espectador a testemunha ocular de uma realidade concreta. Está aí uma habilidade interessante: a de elevar a ilusão teatral a um grau tão eficiente que seja capaz de convencer a todos de que já não há mais truques nem artificialismos. O que se enxerga é a verdade sem véus, capturada através da perspectiva intimista de quem observa o mundo pelo buraco da fechadura. Na Grande Orquestra do Mundo: O Teatro Realista. O poeta e dramaturgo alemão Friedrich Schiller separou o escritor em duas categorias: o escritor ingênuo e o escritor sentimental. O escritor ingênuo é aquele que consegue pintar um cenário tão justo e coeso, com personagens tão bem encaixados em sua moldura de ação, que o leitor e o espectador embarcam na realidade daquele universo organicamente funcional. O teatro realista participa desse mesmo princípio: somos coagidos a entrar na ficção a tal ponto que tomamos por verossímil o que nossos olhos e ouvidos traduzem. Os urdimentos do teatro e as molduras das páginas ficam escondidas tamanha é a capacidade do artista em esconder-nos a engenharia da ficção e nos convidar a participar por dentro do universo da fábula. O escritor sentimental, por outro lado, é aquele autor que não envergonha-se em revelar que sua obra está em construção, fazendo uso de constantes interrupções digressivas para comentar um mundo que ainda não está plenamente elaborado. Os rasgos épicos de Shakespeare e de Machado de Assis são exemplares desse modelo.
A Grande Orquestra do Mundo, com apresentação do ator e radialista Chico Carvalho vai ao ar todo domingo, às 14h, na Cultura FM e no aplicativo Cultura Digital.
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