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Esta é a história da famosa Guerra de Tróia contada pelo avesso, ou pelos bastidores, ou pelos fundilhos da calça onde ninguém consegue por muito tempo manter a dignidade em alta. Quanta audácia de Shakespeare, não? A História da bela Helena sob o prisma da caçoada. Gregos e troianos retratados por um raio X irônico que não poupa quem se acha portador de alguma verdade superior... No frigir dos ovos, são todos baixos..., somos todos baixos em alguma medida. E admitir essas fraquezas é o que confere ao ser humano a altivez que falta aos valentões metidos em uniformes militares, sempre apregoando frases de efeito ao vento, gritos de guerra um tanto quanto infantis. Ah, sábio Shakespeare... É só mudar a trilha sonora que o grandioso se transforma em pequeno, pequeniníssimo, minúsculo.
A guerra de Troia eclodiu quando Páris, um jovem troiano - belo e imbrochável – sequestrou a atraente Helena – uma espartana casada com o Rei Menelau. Os reis raramente viam com bons olhos o rapto de esposas, e, neste caso, a coisa evoluiu de tal forma que deu origem a uma briga entre Estados – Devolver ou não devolver a raptada Helena, eis a questão? Os gregos não esperaram pela resposta dos adversários, lançaram-se ao mar, e foram resgatar à força aquilo que lhes pertencia – embora corresse à boca pequena que a tal da Helena – nada ingênua e muito menos pura – estava há anos luz de representar a pobrezinha violentada, ela própria uma estrategista de marca maior. Pena que Cristo ainda não houvesse nascido no tempo de nossa história, porque desconfio de que a moça – fosse em outro cenário – se colocaria de joelhos num gramado em campo aberto e erguendo as mãos aos céus em meio as lhamas, pedindo perdão à Deus pelos pecados dos outros, pecados dos outros, é claro...! Como já bem dizia Nelson Rodrigues: desconfiem dos castos! Estes são os mais obscenos!
Shakespeare é o grande decifrador da alma humana. Seja na Inglaterra elisabetana ou no Brasil de hoje, ele permanece sempre vivo, bastante próximo a cada um de nós. Um programa que mistura palavras e sons, paisagens sonoras e músicas, tudo para fazer ecoar o maior poeta e dramaturgo de todos os tempos.
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