Fundação Padre Anchieta

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Reprodução da Internet Barão Van Swieten

Gottfried van Swieten (1733-1803), mais conhecido como barão Van Swieten, foi o mecenas com que os músicos que viviam na Europa sonhavam. Grande admirador da música antiga – naquele momento, a de Bach e Haendel –, este nobre austríaco de origem holandesa esteve sempre ligado às iniciativas mais ousadas e originais da Viena das décadas finais do século 18. São dele, por exemplo, as encomendas a Mozart para fazer arranjos para quarteto de cordas de alguns prelúdios e fugas do Cravo Bem Temperado de Bach. Van Swieten também encomendou a Mozart uma versão em alemão do oratório “O Messias” de Haendel – e Mozart aproveitou para modificar bastante a orquestração original.

Pois o Barão Van Swieten também está por trás das admiráveis seis sinfonias encomendadas a Carl Philipp Emanuel Bach (1714-1788), o segundo dos vinte filhos de Johann Sebastian. Swieten deu inteira liberdade a Carl Philipp, que até então trabalhara muito preso às formatações da corte do rei Frederico II, o Grande, da Prússia, também conhecido como o rei flautista. Sabe-se que a encomenda foi feita em 1773, mas não há documentação de encontros entre eles. Quando o nobre chegou a Berlim, CPE Bach já havia se mudado para Hamburgo. Em 1781, o compositor dedicou-lhe o terceiro volume de suas sonatas “para conhecedores e amadores”.

Um pedido do mecenas impressiona: o compositor “não deveria levar em conta as dificuldades que os músicos teriam para tocá-las”. Ou seja, liberdade total de criação – fato raro naquela época. O resultado é arrebatador. Carl Philipp abre as portas para o classicismo que tomava forma na Viena dos anos 1780 e também para o romantismo, avenida que Beethoven trataria de escancarar no início do século 19. AS expressões não são minhas, mas da excelente violinista e líder do grupo Gli Incogniti Amandine Beyer. Ela escreve, no folheto interno do CD desta semana, que “ass sinfonias WQ 182 são um manifesto artístico: o da imaginação soberana de Carl Philipp Emanuel Bach. Constituem o espaço de todas as audácias, onde ele se permite ultrapassar os limites para chegar a seu objetivo”. E aqui ela cita o compositor: “Para mim, a música deve antes de tudo tocar o coração”. E Amandine continua: “Com ete sentimento irrigando sua criatividade, ele se lança em modulações harmônicas inesperadas, como de lá maior a fá maior, de si bemol maior a ré maior. Não recua diante de nenhuma ruptura do discurso, alternando sem anestesia passagens líricas, congelando imagens sonoras, praias oníricas e turbilhões de escalas explosivas”.

Durante esta semana, os ouvintes da Cultura FM podem se espantar e se hipnotizarem pela força da música de um dos mais talentosos filhos de Johann Sebastian Bach nestas leituras entusiasmantes de Gli Incogniti neste álbum recém-lançado pela Harmonia Mundi que leva o título “Além dos limites”.


A cada semana o crítico musical João Marcos Coelho apresenta aos ouvintes da Cultura FM as novidades e lançamentos nacionais e internacionais do universo da música erudita, jazz e música brasileira. CD da Semana vai ao ar de terça a sexta dentro da programação do Estação Cultura e Tarde Cultura.