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Reprodução da Internet Os doze Stradivari tocados por Janine Jansen

De modo geral, nossos ouvidos sentem-se frustrados quando escutamos uma sonata de Beethoven tocada num piano contemporâneo do compositor – um Broadwood, por exemplo. O instrumento soa pálido em relação aos modernos Steinway de concerto com os quais estamos acostumados, em gravações e nas salas de concerto.

As coisas mudam radicalmente quando falamos de instrumentos de cordas. Os mais valorizados são justamente aqueles construídos pelos grandes lutiês italianos dos séculos 17 e 18. E, entre eles, destaca-se ainda mais o lutiê cremonense Antonio Stradivari, nascido em 1644 e morto em 1737. Seus violinos estão, como objeto de desejo, para os músicos como as sonhadas Ferrari italianas habitam sonhos dos loucos por carros.

Pois a violinista holandesa Janine Jansen, 43 anos, montou um álbum inteiro, doze faixas, tocando 12 violinos Stradivarius diferentes, com preços que alcançam os 20 milhões de dólares, ou, para nós, pouco mais de 100 milhões de reais. Ela gravou estes esplêndidos instrumentos reconhecidos como únicos, cada qual com sua característica, ao lado do piano de Antonio Pappano, maestro diretor musical do Royal Opera Garden londrino, que também é competente pianista. Ele deu um escorregão recentemente ao gravar um álbum de piano solo pífio em sua própria casa, durante a pandemia. Aqui não. Com todas as condições técnicas favoráveis, Pappano brilha como parceiro ideal dos Stradivarius pilotados por Jansen.

O álbum ora lançado pela Decca – CD desta semana – é subproduto, na verdade, de um documentário filmado em dez dias. Bem, ainda não é possível assisti-lo, mas o CD já está disponível. E é uma linda viagem musical que vai além do pitoresco. Alguns violinos simplesmente não foram tocados nos últimos dois séculos. Outros tiveram como proprietários grandes músicos como Fritz Kreisler, Nathan Milstein, Ida Haendel e Oscar Shumsky.

Um entre doze exemplos históricos destes magníficos instrumentos é o Stradivarius Kreutzer 1727, assim apelidado porque pertenceu ao violinista Rodolphe Kreutzer, dedicatário da Sonata no. 9 para violino e piano, a mais famosa de Beethoven. Ele pertence hoje ao violinista russo Maxim Vengerov, que o comprou baratinho, por 1,5 milhão de dólares em 1998 – hoje o instrumento vale dez dezes mais.

Jansen e Pappano gravaram o álbum no Cardogan Hall, em Londres, em 20 de dezembro de 2020. Você vai se divertir muito com as diferenças de sonoridades entre esta dúzia de preciosidades, que inclui, por exemplo, o famoso “Il Cannone”, Stradivarius com o qual Niccolò Paganini construiu sua fama de maior virtuose do instrumento em todos os tempos.


A cada semana o crítico musical João Marcos Coelho apresenta aos ouvintes da Cultura FM as novidades e lançamentos nacionais e internacionais do universo da música erudita, jazz e música brasileira. CD da Semana vai ao ar de terça a sexta dentro da programação do Estação Cultura e Tarde Cultura.