Fundação Padre Anchieta

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Reprodução da internet Cláudio Santoro

“As 14 sinfonias de Claudio Santoro representam o maior e mais significativo conjunto de obras no gênero compostas no Brasil”. É com esta frase bombástica – e justa, justíssima – que o músico e diplomata Gustavo de Sá abre seu texto no encarte do primeiro álbum da integral sinfônica do compositor amazonense.

Elas foram compostas num arco de praticamente meio século, entre 1940 e 1989. E a partir de sua audição é possível acompanhar as mudanças estilísticas na obra de Santoro. Vamos deixar claro: era absurdo, inadmissível, que estas sinfonias ainda não tinham sido gravadas, até o início deste projeto revolucionário idealizado e posto em prática pelo diplomata Gustavo de Sá, via Itamaraty e parceria com a gravadora Naxos.

“Música do Brasil” está produzindo gravações das principais obras sinfônicas brasileiras desde o século 19, com orquestras como a Osesp e Filarmônicas de Minas Gerais e de Goiás, esta última encarregada de registrar a integral das sinfonias de Santoro. O projeto deixa de fora as sinfonias de Villa-Lobos, que já estão gravadas em nível excepcional pela OSESP liderado por Isaac Karabchevsky.

No caso de Santoro, estas são as primeiras gravações de fato dignas destas sinfonias. O que também lhes dá o passaporte internacional. Isso significa que na medida em que todas elas estejam disponíveis mudará, sem dúvida, o modo como não só nós, brasileiros, conhecemos a música orquestral brasileira, mas também público e pesquisadores acadêmicos nos demais continentes.

Dito isso, é preciso também elogiar as brilhantes execuções das sinfonias 5 e 7, com o maestro britânico Neil Thomson, responsável pela inscrição da Filarmônica de Goiás entre as melhores do país.

A quinta sinfonia foi composta em 1955, e foge de sua vivência inicial, na década de 40, com a música serial no grupo Música Viva, liderado por Koellreutter. Nos anos 50, Santoro compôs quatro sinfonias, das quais a quinta e a sétima, presentes neste álbum, são as mais expressivas. Todas de inspiração nacional.

Engana-se, porém, quem espera delas um comportamento nacionalista literal. De fato, Santoro não faz referências diretas ou citações de músicas folclóricas. Sua escrita tenta emular o espírito, pode-se dizer, da música nacional. Uma exceção é o Lento da Sinfonia no. 5, em que Santoro tece variações sobre o conhecido tema de Xangô dos ritos do candomblé, também usados por Villa-Lobos e Mignone, entre outros. Mas Santoro acrescenta um segundo tema, indígena, vocês vão notar. E aqui nada é explícito, literal.

Já a sétima sinfonia foi composta em 1959 em Londres, a propósito de um concurso promovido pelo Ministério da Educação e Cultura para comemorar a inauguração da nova capital, Brasília, em abril de 1960. Ela utiliza um motivo de quatro notas que frequenta todos os movimentos. Era uma de suas obras preferidas, que ele mesmo estreou em 1964 regendo a Orquestra da Rádio de Berlim.


A cada semana o crítico musical João Marcos Coelho apresenta aos ouvintes da Cultura FM as novidades e lançamentos nacionais e internacionais do universo da música erudita, jazz e música brasileira. CD da Semana vai ao ar de terça a sexta dentro da programação do Estação Cultura e Tarde Cultura.