Ouça o álbum completo:
A Orquestra Sinfônica de Londres comemora os 23 anos de existência de sua gravadora própria, fundada em 1999, com um álbum duplo delicioso. Praticamente duas horas de aberturas e prelúdios sinfônicos, quase tudo muito conhecido. É uma radiografia da evolução do som da orquestra nestas duas décadas e também uma amostragem de sua versatilidade em catorze obras. Entre outras, as aberturas de “Sonhos de Uma noite de Verão” de Mendelssohn, “Euryanthe”, de Weber, o “Prelúdio à sesta de um fauno”, de Debussy, “Egmont” de Beethoven e a “Abertura Trágica” de Brahms.
Além disso, ocupam o pódio nestes registros vários maestros notáveis do último meio século, como John Eliot Gardiner, Gennady Rozhdestvensky, Colin Davis, Bernard Haitink e naturalmente a maior estrela britânica da regência, Simon Rattle. Entre eles, a nossa conhecida Marin Alsop e estrelas mais recentes do firmamento internacional das batutas, como o francês François Xavier-Roth e os italianos Antonio Pappano e Gianandrea Noseda.
A gravadora leva o nome LSO Live e foi pioneira ao instituir o selo da própria orquestra. Mais do que isso, os músicos são os proprietários da gravadora: “Os músicos não só escolhem o que deve ser gravado, como também estão envolvidos em todo o processo de produção e têm a palavra final sobre cada gravação”.
As gravações ao vivo da LSO, portanto, são propriedade da própria Orquestra. Os músicos, maestros e solistas são intervenientes nas gravações das quais participam. Os músicos não só escolhem o que deve ser gravado, como também estão envolvidos em todo o processo de produção. Atualmente com mais de uma centena de álbuns lançados nestes 23 anos, a gravadora foi pioneira também no lançamento de álbuns digitais.
É uma revolução importante esta de entregar aos músicos a responsabilidade pelo repertório, maestros e gravações. Liberdade, sabemos, implica responsabilidade. Por isso, é invariavelmente acima da média a qualidade técnica e artística de qualquer um dos mais de 100 álbuns LSO Live.
Agora, a título de degustação, dois bombons deliciosos e surpreendentes: as faixas 10 e 14, ambas dedicadas a composições sinfônicas de Dmitri Tiomkin (1894-1979), um dos magos do mundo das trilhas sonoras de Hollywood, especialmente westerns como “Matar ou morrer”. Ucraniano criado em São Petersburgo, cursou o Conservatório local. Alxandre Glazunov foi seu primeiro mestre. Estudou piano com Felix Blumenthal, o professor de Wladimir Horowitz. Em Berlim a partir de 1919, estudou com Ferruccio Busoni: estreou como solista no segundo concerto de Liszt, ao lado da Filarmônica de Berlim em 1922. Depois de um pit-stop em Paris, onde solou a estréia europeia do “Concerto em Fá” de Gershwin, foi para os EUA.
A cada semana o crítico musical João Marcos Coelho apresenta aos ouvintes da Cultura FM as novidades e lançamentos nacionais e internacionais do universo da música erudita, jazz e música brasileira. CD da Semana vai ao ar de terça a sexta dentro da programação do Estação Cultura e Tarde Cultura.
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