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Félix Mendelssohn tinha pouco mais de 20 anos quando viajou à Itália pela primeira vez. Gostou de muitas coisas, mas fez restrições sérias ao que chamou de “a música local”. Em Veneza, mergulhou na pintura renascentista, mas foi duro com a música italiana: “Não ouvi uma única nota que valesse a pena lembrar”.
Foi cáustico também em relação à cena musical de Nápoles, e as coisas aparentemente lhe soaram ainda piores em Roma. As orquestras eram de má qualidade, os cantores papais sem talento e a tradição da música litúrgica católica sempre lhe pareceu incompreensível. Maravilhou-se, porém, ao contemplar manuscritos de obras sacras de Palestrina. Além disso, também teve a oportunidade de conhecer Hector Berlioz. A figura boêmia e musicalmente radical do compositor francês contrastava muito com o refinamento de Mendelssohn, mas mesmo assim os compositores se apaixonaram mutuamente.
Lá mesmo começou a trabalhar em outra sinfonia que a posteridade carimbaria como sua “Sinfonia Italiana”. Era sua quarta incursão no gênero sinfônico. O saldo da temporada passada na Itália foi muito positivo. Classificou-a como “a suprema alegria da minha vida”. Por isso, a nova sinfonia seria luminosa, ao contrário das “névoas e melancolia” de suas obras inspiradas na Escócia, que visitara imediatamente antes de chegar à Itália. “Será a peça mais alegre que já fiz”, contou entusiasmado em carta para sua irmã Fanny, “especialmente o último movimento”. A obra, no entanto, permaneceu inacabada por pouco mais de dois anos. Em 1834, ele deu-lhe contornos finais.
O maestro italiano Riccardo Chailly, milanês de 69 anos, escolheu a “Sinfonia Italiana” de Mendelssohn como obra nuclear de seu mais recente álbum, que é o CD desta semana na Cultura FM. O álbum intitula-se “Musa Italiana”, do selo Decca, e o repertório compõe-se de obras que seu país motivou em compositores como os austríacos Mozart e Schubert, além de Mendelssohn. De Mozart, Chailly rege três aberturas de óperas italianas estreadas em Milão: “Mitridate, Re di Ponto”, “Ascanio in Alba” e “Lucio Silla”. Duas “aberturas no estilo italiano”, em ré maior e em dó maior, de Franz Schubert, completam este luminoso álbum, em que Chailly comanda a Orquestra do Teatro alla Scala de Milão.
A cada semana o crítico musical João Marcos Coelho apresenta aos ouvintes da Cultura FM as novidades e lançamentos nacionais e internacionais do universo da música erudita, jazz e música brasileira. CD da Semana vai ao ar de terça a sexta dentro da programação do Estação Cultura e Tarde Cultura.
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