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Sergei Rachmaninoff vivia possivelmente seus melhores anos naquele período entre 1909, quando conquistou fama internacional mas continuava morando e atuando na Rússia czarista, e 1917, quando abandonou definitivamente seu país devido à Revolução de Outubro.

Regia no Bolshoi, compunha ópera, música sacra e orquestral. E também música para piano. O fato é que ele não se enxergava primariamente como pianista, mas como compositor. Foi neste contexto feliz, em que ele guiava sua Mercedes reluzente pelas plantações de sua propriedade em Ivanovka, próximo a Moscou.

Com este estado de espírito, ele compôs duas séries de peças curtas para piano que enfeixou sob o título original “études-tableaux”, opus 33 e opus 39, literalmente estudos de quadros, dando a entender que se inspiram em quadros. Disse claramente o seguinte: “Não acredito em artista que divulga muito suas imagens”, ou seja, fontes de inspiração. “Prefiro deixar o ouvinte pintar para si mesmo o que a música lhe sugere”.

Rachmaninoff até colocou títulos em cinco deles, só que a pedido de Ottorino Respighi, que os orquestrou em 1930, quando ele já estava estabelecido nos Estados Unidos. Mas o melhor é ouvi-los na versão original. Rachmaninoff foi um dos maiores, senão o maior pianista do período 1910-1940. Suas mãos eram enormes. Com uma delas, alcançava o intervalo de uma décima terceira, ou seja, na escala de dó maior, de dó grave até o sol intermediário da escala seguinte.

Foram suas derradeiras composições antes de deixar a Rússia, localizadas entre 1911 e 1916. É este conjunto que o pianista russo Nikolai Lugansky grava pela segunda vez em álbum lançado há dois meses a propósito dos 150 anos do nascimento do compositor, em 1873. Este é o CD desta semana na Cultura FM. Lugansky diz que sua escrita pianística foi pensada para as mãos do compositor, “portanto”, diz, “é inacessível a 95% dos pianistas”.

A cada semana o crítico musical João Marcos Coelho apresenta aos ouvintes da Cultura FM as novidades e lançamentos nacionais e internacionais do universo da música erudita, jazz e música brasileira. CD da Semana vai ao ar de terça a sexta dentro da programação do Estação Cultura e Tarde Cultura.