Fundação Padre Anchieta

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Reprodução da internet
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Ouça o álbum completo:


Pode-se afirmar com segurança que, aos 23 anos de idade, a Orquestra Ouro Preto consolidou um modelo consistente de funcionamento de um grupo musical fora do eixo Rio-São Paulo. Já gravou dezessete álbuns, num grande arco musical inclusivo. Isto porque qualquer orquestra, mesmo as subsidiadas pelo poder público, necessitam legitimar-se diante do público. O slogan de Rodrigo Toffolo, seu regente, é “Excelência e Versatilidade”. E é por isso que ela gravou e se apresentou, entre outros, com Alceu Valença (2014). João Bosco (2022) e Milton Nascimento (2019). Este é o lado versátil da orquestra. A excelência ela atesta enveredando por Antonio Vivaldi e Astor Piazzolla (2013).

É neste sentido que é preciso saudar seu mais recente lançamento e colocá-lo como CD da Semana na Cultura FM. É um álbum digamos, ortodoxo, convencional, com obras de dois dos maiores compositores da História da Música, Joseph Haydn e Wolfgang Amadeus Mozart.

Convencional só até certo ponto. Porque o Mozart escolhido é justamente um dos concertos que ele mais amava, para dois pianos, e modernamente escanteados. Antes que chiem, claro, é um belo concerto, aliás, um dos preferidos de Mozart. Ele o compôs em 1779 para tocar ao lado de sua irmã querida Nannerl. Gostava tanto dele que em 1782, já instalado em Viena, acrescentou pares de clarinetes, trompas e timbales nos dois movimentos iniciais, para torná-lo ainda mais brilhante. Não por acaso, uma das gravações que mais gosto deste concerto é uma de 1984, com a Royal Concertgebouw e regência de Nikolaus Harnoncourt. Os solistas são simplesmente Chick Corea e Friedrich Gulda. Na gravação da Orquestra Ouro Preto os solistas são Cristian Budu e Gustavo, aliás excelentes.

A outra obra escolhida pelo regente Rodrigo Toffolo foi a Sinfonia no. 44, de Haydn. Ela foi composta no início da mesma década em que Mozart escreveu seu concerto para dois pianos, 1771. Tenho de contar a razão do apelido dela, “Trauer”, Fúnebre. Conta-se, mas não se prova, que Haydn teria dito que gostaria que o Adagio desta sinfonia fosse executado em seu funeral, o que não aconteceu 48 anos mais tarde, em 1809, no seu funeral. Mas esta conversa corria solta pela Europa, porque em setembro do ano seguinte, em Berlim, aconteceu um concerto em memória dele no qual este “Adagio” foi um dos destaques.


A cada semana o crítico musical João Marcos Coelho apresenta aos ouvintes da Cultura FM as novidades e lançamentos nacionais e internacionais do universo da música erudita, jazz e música brasileira. CD da Semana vai ao ar de terça a sexta dentro da programação do Estação Cultura e Tarde Cultura.